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sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

OS DESBRAVADORES DO SUL - José Pereira da Costa

Os desbravadores do Sul


           Desbravada com amor e sangue, a região do cacau tem sido a maior entre as demais do nosso Estado através das rendas, basta dizer que ela contribui com 70% da receita estadual. Desta região sai a maior parcela de divisas para os cofres da Nação, através da exportação do cacau. Foi desta região que partiram as sementes do cacau para outros estados de nossa federação e o Espírito Santo está produzindo cerca de 500.000 arrobas deste produto nascido na Bahia, através dos municípios de Linhares, São Mateus e Colatina, daquelas sementes levadas daqui no ano de 1918, pelos colonos Filigônio Peixoto e Antonio Negreiro Pego,  onde será muito breve  a cifra elevada para um milhão de arrobas, ou seja, 250.000 sacas, visto a existência ali de grande área de terra, ainda devolutas, prestável para o cultivo do cacau, e mais ainda com a ajuda financeira da Ceplac.

            É de se esperar também que para o crescimento da lavoura cacaueira naquele estado, se acaba uma vez por todas com aquela hereditária questão de limites com Minas Gerais, para sossego dos colonos que tanto têm sido prejudicados. Quanto a nós, os colonos do passado, como hoje os de Vitória do Espírito Santo, fomos também bafejados por esta entidade de crédito, embora já bem tarde poucos dos desbravadores fossem beneficiados em suas propriedades, entretanto gozarão em nosso os nossos sucessores. A meu ver, se o cacau não desaparecer com as estações incertas como estamos vendo, será amanhã a Ceplac  a maior casa bancária do país, com esta renda fabulosa de 15% entre uma produção de 3.500.000 sacas de cacau por ano, ou seja, de sete em sete anos, 3.500.000 sacas de cacau, livres de todas as despesas, esta entidade receberá de mãos beijadas produto do cacau nestes últimos setenta anos nas terras incultas da antiga capitania do São Jorge dos Ilhéus, que estiveram em sua maioria, cerca de quatro séculos em franco abandono inclusive a cidade de Ilhéus apontada como tapera pelo coronel Antonio Pessoa da Costa e Silva no seu discurso de posse na Intendência naquela cidade em 2 de janeiro de 1900, hoje, cidade modelo bem como mais cidades, vilas, 12 arraias uma cidade de primeira grandeza, Itabuna, com cerca de 150 mil habitantes, vila da espécie de Jussari, e a arraias como São José não falando da produção de cacau que naqueles tempos passados estava estagnada em 250 mil sacas de 60 quilos. Tudo isso devemos à guerra de Canudos que, por sua causa, abriram-se os caminhos para esta região onde o povo dos demais estados do Brasil se avizinharam, principalmente os de Sergipe, hoje a colônia de maiores possibilidades.

            Entre os desbravadores estava João Pedro de Sousa Leão. João Pedro aportou em Tabocas no ano 1906 onde se estabeleceu como negociante grossista em molhados e grande comprador de cacau, dentre todos os compradores de cacau existente na época, fora João Pedro de Sousa Leão o mais destacado, no que diz respeito ao capital como Antônio Soledade, Astério Rebouças, Everaldino Assis, Manoel Ferreira Carneiro, João Pestana Branca, Antônio Emídio, João franco e Ambrosino. Seu poderio monetário junto com o seu irmão padre Olímpio, e do usineiro Tomé Dantas da Costa, seu genro, ajudavam a triplicar a sua fortuna adquirindo muitas propriedades rurais e vários prédios da cidade. Honestamente aqui viveu  até 1930 voltando depois para Sergipe, sua terra natal, para construir uma Igreja Católica Apostólica Romana na cidade onde nasceu. Depois que inaugurou a obra em 1940 veio a falecer. Sua grande família aqui residente a esta hora, é homenageadas por esta minha história, recordando o grande amigo de Itabuna e de todos os que o conheceram, principalmente a sua freguesia.


(TERRA, SUOR E SANGUE – LEMBRANÇA DO PASSADO – HISTÓRIA DA REGIÃO CACAUEIRA - Cap. XVIII)
José Pereira da Costa


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