Cerimônia começou com um minuto de silêncio na hora exata em
que a bomba atômica foi lançada pelos EUA. Homenagem contou com a participação
de representantes de cerca de 80 países e da União Europeia.
Por Agencia EFE
06/08/2017
Homem reza por vítimas da bomba de Hiroshima durante
cerimônia de homenagem no Japão (Foto: Kyodo/via REUTERS )
A cidade japonesa de Hiroshima lembrou neste domingo (6) o
72º aniversário do lançamento da bomba atômica que matou centenas de milhares
de pessoas ao final da Segunda Guerra Mundial, com uma cerimônia na qual se
apelou ao desarmamento nuclear global.
O ato aconteceu no Parque da Paz desta cidade do oeste do
Japão, situado perto do ponto central da devastadora explosão nuclear, e
começou com um minuto de silêncio às 8h15 (horário local, 20h15 de sábado em
Brasília).
Essa foi a hora exata na qual o B-29 Enola Gay da Força
Aérea dos Estados Unidos lançou no dia 6 agosto de 1945 o Little Boy, nome com
o qual o primeiro artefato nuclear da história foi batizado.
Após o minuto de silêncio, o prefeito da cidade, Kazumi
Matsui, pediu a todos os líderes mundiais que apoiem o tratado adotado por 122
membros das Nações Unidas no começo do mês para proibir as armas nucleares, o
primeiro deste tipo a nível global.
"É o momento que todos os governos devem lutar para
avançar rumo a um mundo livre de armas nucleares", afirmou Matsui, pedindo
em particular ao Governo de Japão "que manifeste o pacifismo estabelecido
pela sua Constituição e faça todo o possível por facilitar a adoção global do
pacto".
Tal acordo foi aprovado por quase dois terços dos países
membros da ONU, ainda que tenham se mantido à margem todas as potências
atômicas e muitos dos seus aliados, Japão entre eles, o que representa uma
dúvida para o sucesso da iniciativa.
Cerimônia em homenagem às vítimas da bomba atômica de
Hiroshima (Foto: Kyodo/via REUTERS )
O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, evitou mencionar
diretamente o tratado durante a sua intervenção, ainda que tenha destacado a
necessidade de que tanto as potências nucleares como os demais países "se
envolvam para se conseguir um mundo verdadeiramente livre de armas
atômicas".
"O Japão está decidido a liderar a comunidade
internacional, mantendo os seus princípios de não produzir ou possuir armas
nucleares nem de permitir a sua entrada em território nacional, e pedindo a
todos os países para tomar medidas similares", disse Abe no seu discurso.
A cerimônia contou com a participação de representantes de
cerca de 80 países e da União Europeia, entre eles potências nucleares como
Reino Unido, França, Estados Unidos e Rússia.
A subsecretária geral das Nações Unidas e alta representante
para o desarmamento, a japonesa Izumi Nakamitsu, afirmou que os sobreviventes
do bombardeio atômico de Hiroshima "enviam uma mensagem heroica ao mundo e
uma lembrança dos devastadores efeitos destas armas", em uma mensagem lida
em nome do secretário geral da ONU, Antonio Guterres.
A bomba lançada sobre Hiroshima detonou com uma intensidade
de 16 quilotons a cerca de 600 metros de altura muito perto de onde se ergue o
parque onde aconteceu a cerimônia, e matou imediatamente cerca de 80 mil
pessoas.
O número aumentaria até 1945, quando o balanço de mortos
subiu para 140 mil, e nos anos posteriores as vítimas pela radiação somaram
mais do que o dobro.
Três dias após o ataque sobre Hiroshima, em 9 de agosto de
1945, os EUA lançaram uma segunda bomba nuclear sobre a cidade de Nagasaki, o
que levou à capitulação do Japão seis dias mais tarde e pôs fim à Segunda
Guerra Mundial.
Os ataques atômicos sobre ambas as cidades japonesas foram
os únicos deste tipo executados até hoje.
Em março passado o número total de "hibakusha" ou
sobreviventes dos bombardeios nucleares em Hiroshima e Nagasaki era de 164.621,
comparado com os 372.264 que havia em 1980, e a sua idade média era de 81,41
anos.
* * *
Nenhum comentário:
Postar um comentário