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quinta-feira, 3 de agosto de 2017

10 DE AGOSTO: DIA DE JORGE AMADO - Gabo

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(Frankfurt, 1970 – gabo) 


            Nos portos do mundo encontro Gabriel Garcia Márquez. Em Barcelona ele nos espera em companhia de Carmen Balcells, a agente literária, terror dos editores, o editor Alfredo Machado a estimava: ela briga para defender os autores. Fomos tomar o café da manhã em botequim das proximidades. Em Cartagena, do navio avistamos Gabo e Mercedes, sua mulher, vamos saborear o café da Colômbia na residência dos pais do Prêmio Nobel. Em Havana jantamos em sua casa na companhia de Fidel Castro.

            Leio Garcia Márquez de há longo tempo, não sei se fui eu quem recomendou Cem anos de Solidão a Glauber Rocha ou se foi Glauber quem chamou minha atenção para o livro do colombiano. Gabo escreveu dois romances definitivos: o dos Cem Anos e O Amor nos Tempos do Cólera.

            Eu o conheci pessoalmente há mais de vinte anos num encontro de escritores da América Latina*, decorrido  no quadro da Feira de Livros de Frankfurt, no qual professores e estudiosos alemães demonstraram conhecimento e interesse acerca das literatura de nossos países e uma boa parte dos convidados hispano-americanos exibiu-se despudoradamente em busca de editor. Ainda outro dia recordei com Eduardo Portella a indignação de Adonias Filho, pouco afeito à disputa feroz por um lugar ao sol no mapa do universo literário, ao assistir à competição de títulos alardeados pelos candidatos a traduções e artigos, Adonias ficou sufocado: não vim aqui para isso, nos disse, a Eduardo e a mim, éramos os três brasileiros presentes, corpos estranhos na algazarra castelhana dos confrades. Chamou-me a atenção o comedimento de Garcia Márquez, em silêncio numa ponta da mesa, sem participar na feira das vaidades.

            Vindo a Moscou, Gabo  telefona-me em Paris para dar recado de Doc Comparato, pergunto em que hotel se hospeda, ouço-lhe o riso

            - Jorge, quando um escritor latino-americano chega a certa idade, se tem juízo, deve fazer o que fizeste, comprar um apartamento em Paris –  dá-me o endereço e o telefone.

*Frankfurt, 1970

                                                                                                        (NAVEGAÇÃO DE CABOTAGEM)
Jorge Amado



JORGE AMADO - Quinto ocupante da Cadeira 23 da ABL, eleito em 6 de abril de 1961, na sucessão de Otávio Mangabeira e recebido pelo Acadêmico Raimundo Magalhães Júnior em 17 de julho de 1961. Recebeu os Acadêmicos Adonias Filho e Dias Gomes.

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