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quinta-feira, 25 de maio de 2017

ITABUNA CENTENÁRIA: UM SONETO – Augusto dos Anjos

VERSOS ÍNTIMOS


Vês?! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta vida miserável,
Mora entre feras sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

AUGUSTO DOS ANJOS
Eu e outras poesias
8ª edição.

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Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos, poeta de notável originalidade, tentou, entre nós, a poesia científica numa obra das mais famosas e das mais lidas do Brasil, a que deu por título Eu e outras poesias, editada pela primeira vez em 1912. Nasceu na Paraíba em 20-04-1884 e faleceu em Leopoldina, MG, onde era diretor de um Grupo Escolar, em 12-11-1914. 

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