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quarta-feira, 4 de setembro de 2019

MOLION FEZ CRÍTICA CIENTÍFICA DA ENCÍCLICA QUE ANTECIPA AS CONCLUSÕES DO SÍNODO PAN-AMAZÔNICO


29 de agosto de 2019
Luis Dufaur
No dia 16 de julho de 2015, por iniciativa do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, palestraram no Club Homs da capital paulista o Prof. Luiz Carlos Molion [foto acima] e o autor deste artigo.
O Prof. Molion é meteorologista, pesquisador da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), PhD em Meteorologia e pós-doutor em Hidrologia de Florestas. Ele assestou o foco nos aspectos científicos da Encíclica Laudato Si’, do Papa Francisco.
Suas observações continuam mais atuais do que nunca. Não somente os fenômenos climáticos e ecológicos em pauta continuam os mesmos pois se estendem com grande durabilidade no tempo.
Mas a agitação ideológica “verde” cresceu em insuspeitadas proporções.
Criou-se também um coro de vozes, aliás muitas anticristãs, que sintoniza com o Sínodo Pan-amazônico que se desenvolverá em Roma no próximo mês de outubro.
E o cerne das conclusões desse Sínodo já está inscrito com antecedência na referida encíclica.
O professor Molion observou múltiplas impropriedades, do ponto de vista da ciência, contidas nessa Encíclica, pois adota hipóteses controvertidas ou falsas como se fossem resultantes de um consenso entre os especialistas.
Também sublinhou que o termo “consenso” jamais pode ser usado na ciência. Ele é aplicável na política e em seus conchavos. A ciência é questionadora por natureza.
O Prof. Molion explicou que a análise dos dados dos últimos 420 mil anos registra sucessivas eras glaciais com cerca de 100 mil anos de duração cada uma, interrompidas por períodos quentes ou interglaciários de 10 a 12 mil anos de duração.
A última glaciação ocorreu há 130 mil anos. Nesse período, pode-se constatar que o CO2 nunca causou alteração da temperatura. Pelo contrário, ele acompanhou as mudanças da temperatura com um atraso de 800 a mil anos, ou até 5 mil.
O auditório encheu para ouvir as explicações do prof. Molion sobre a Laudato Si’

O CO2 é um seguidor e não um condutor. O grande controlador do CO2 na atmosfera são os oceanos, que constituem 71% da superfície da Terra. Dos 510 milhões de quilômetros quadrados do Planeta, 361 milhões são cobertos pelos oceanos.
Segundo o abalizado especialista, vivemos hoje num período interglacial iniciado há cerca de 15 mil anos. Nos interglaciários anteriores, a temperatura atingiu de 6º a 10º acima da atual.
Qual era a atividade humana que aqueceu o planeta? perguntou o palestrante. Nessas épocas nem existia o Homo Sapiens!
Esse aquecimento apenas se explica por processos físicos naturais, independentes de qualquer presença ou atividade humana.
A história da civilização humana transcorreu nos últimos 10 mil anos, tendo havido quatro períodos muito mais quentes que o atual:
·         ótimo do Holoceno, há 8 mil anos;
·         Minuano quente, ocorreu 3.500 anos atrás e correspondeu à civilização de Minos;
·         Romano quente — entre 400 a.C. a 300 d.C. — que inclui a época da vida de Cristo;
·         e o Medieval quente, entre 900 e 1250 ou 1300 d.C.
Entre 1350 e 1850, quiçá até inicio do século XX, houve um período frio em que a temperatura média da Europa ficou 2ºC abaixo da atual.
O interglacial em que vivemos tende ao resfriamento. Já passamos pelo máximo de calor 6 mil anos atrás e estamos rumando bem devagar para uma nova era glacial.
Ninguém precisa se preocupar, pois para se chegar a 8º ou 10º abaixo do que está hoje levará cem mil anos.
De acordo com o Prof. Molion, fica assim claro que o Papa Francisco foi muito mal assessorado na redação da Encíclica.
Vídeo: Mitos e fraudes falsamente científicos continuam sendo os mesmos. A prova? Veja esta entrevista-aula de 2010 !!!
O documento papal também recolhe a ideia de um aumento catastrófico do nível dos mares. Em 2007, o Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas (IPCC) previa um aumento de 59 cm até 2100; em 2013 sua previsão saltou para 98 cm.
E o líder aquecimentista Al Gore afirma em seu laureado trabalho que o aumento seria de 6 metros! Só que, apesar desse salto vertiginoso, ele comprou uma mansão em Montecito, na Califórnia, pelo valor de 9 milhões de dólares, bem junto à praia…!
O palestrante mostrou que é impossível medir o nível do mar, pois ele não se trata de um sólido contínuo e está exposto a mudanças determinadas por fenômenos astronômicos!
A Encíclica trata também de “eventos extremos” de natureza climática. O que é isso? Um evento extremo é um estado atmosférico momentâneo, não é clima! No clima, o que se considera é a média de tudo, e não apenas um momento extremo.
“Eventos extremos” sempre ocorreram. A pior seca do Nordeste foi em 1877-1879. Na região metropolitana de São Paulo, segundo os pluviômetros, a década com maiores tempestades foi de 1941 a 1950. E a pior enchente que São Paulo já teve foi em janeiro de 1929!
Não tem nada a ver com o aquecimento global!

O professor Molion ilustrou os pontos falhos da Laudato Si’ do ponto de vista científico.

O Prof. Molion também desmitificou outras frases soltas no documento que não se sabe de onde saíram, tais como o medo de descongelamento do permafrost (terra congelada no Ártico) e a liberação de quantidades catastróficas de gás metano por essa e outras vias.
Também neste ponto, a Encíclica acolhe uma mistificação sem base na ciência.
Segundo o expositor, em matéria de efeito estufa o documento papal está totalmente equivocado e deve ser completamente repensado em função dos conhecimentos básicos da física.
Outra questão afirmada sem fundamento é a acidificação dos oceanos. Quanto ácido seria preciso para acidificar os oceanos? É inimaginável.

Resumidamente, o professor Molion voltou a sublinhar verdades básicas na matéria:

 *o clima varia por causas naturais; 

·   *“eventos extremos” sempre ocorreram;

·   *o CO2 não controla o clima global e é o gás da vida; sem CO2 acabariam as plantas, os animais e os homens;

·   *sem energia, inclusive a nuclear, os países pobres não sairão da pobreza.


O renomeado professor concluiu que é muito preocupante o Papa defender na Encíclica uma governança mundial para se controlar as emissões de gás.



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“NA SALA, COM RUBEM BRAGA” É O TEMA DA PALESTRA DE ABERTURA DO CICLO DE CONFERÊNCIAS “CADEIRA 41”, COM O PROFESSOR E ACADÊMICO ANTONIO CARLOS SECCHIN


A Academia Brasileira de Letras abre seu Ciclo de Conferências do mês de setembro, intitulado Cadeira 41, com palestra do Acadêmico Antonio Carlos Secchin, professor emérito de Literatura Brasileira da UFRJ e Doutor em Letras pela mesma Universidade. A coordenação geral é da Acadêmica e escritora Ana Maria Machado. O tema escolhido foi Na sala, com Rubem Braga. O evento está programado para o dia 5 de setembro, quinta-feira, às 17h30min, no Teatro R. Magalhães Jr. (Avenida Presidente Wilson, 203 - Castelo, Rio de Janeiro). Entrada franca.
A intitulação Cadeira 41 remonta aos tempos de fundação da ABL, em 20 de julho de 1897. Criada nos mesmos moldes da Academia Francesa, o número máximo de Acadêmicos era 40, o que continua até os dias de hoje. Este Ciclo, no entanto, pretende apresentar quatro nomes que poderiam ocupar, em suas épocas, uma dessas Cadeiras e que, por razões diferentes e individuais, não se tornaram membros da Academia.
A Acadêmica e escritora Ana Maria Machado é a coordenadora geral dos Ciclos de Conferências de 2019.
Os Ciclos de Conferências, com transmissão ao vivo pelo portal da ABL, têm o patrocínio da Light.
Serão fornecidos certificados de frequência.
O Ciclo Cadeira 41 terá mais três palestras, às quintas-feiras, no mesmo local e horário, nos seguintes dias, com os conferencistas e temas, respectivamente: dia 12, Acadêmico Geraldo Carneiro, No bar, com Tom Jobim; dia19, Acadêmico Joaquim Falcão, Na varanda, com Gilberto Freyre; e dia 26, Marisa Lajolo, Na classe, com Mestre Candido.
O Acadêmico
Antonio Carlos Secchin é professor emérito de Literatura Brasileira da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro e Doutor em Letras pela mesma Universidade. Foi professor de Literatura Brasileira das Universidades de Bordeaux, Roma, Rennes, Mérida e Paris III-Sorbonne Nouvelle.
Em 2013, a editora da UFRJ publicou Secchin: uma vida em letras, com 88 artigos, ensaios e depoimentos sobre a sua atuação como escritor, professor e bibliófilo.
É poeta com vários livros publicados, entre eles Desdizer, de 2017, que reúne sua poesia.
Em 2018, publicou, na área da literatura infantil, O galo gago, que recebeu o selo “Altamente Recomendável” da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil.
Ensaísta, publicou, ainda em 2018, Percursos da poesia brasileira: do século XVIII ao século XXI, que recebeu o Prêmio da APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) como o melhor livro de ensaios publicado no país.
Em março de 2019, recebeu o Grande Prêmio Cida
Leitura complementar
Biblioteca Rodolfo Garcia disponibiliza seu acervo para pequisa e leitura de obras relacionadas ao tema desta conferência, como "João Cabral [texto] : a poesia do menos""Machado de Assis [texto] : ensaios da crítica contemporânea" e "O homem rouco [texto] : crônicas".
Para consultar mais materiais como os citados, acesse o link abaixo e visite os "Levantamentos bibliográficos" realizados para este evento.

29/08/2019



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terça-feira, 3 de setembro de 2019

“ELOGIO DA LIBERDADE”, FILME QUE NARRA A TRAJETÓRIA DA ACADÊMICA ROSISKA DARCY DE OLIVEIRA, SERÁ EXIBIDO EM SESSÃO ESPECIAL NA ABL


Dando prosseguimento à série Cinema na ABL, sob a coordenação do Acadêmico Carlos Diegues, será exibido, em uma sessão especial, o filme Elogio da Liberdade, que aborda a vida e a obra da Acadêmica e escritora Rosiska Darcy de Oliveira. A produção, com duração aproximada de 85 minutos, tem a direção de Bianca Comparato.
A protagonista
Rosiska Darcy de Oliveira é acadêmica, jornalista, advogada, professora universitária e escritora. Acusada de denunciar torturas contra presos políticos, foi obrigada, em 1970, pela ditadura militar, a se exiliar na Suíça. É doutora em Educação pela Universidade de Genebra, onde lecionou até 1984, quando retornou ao Brasil. Participou ativamente do emergente Movimento Internacional das Mulheres.
Sua trajetória
Presidiu a Coalizão de Mulheres Brasileiras para a Rio-92, que organizou o evento Planeta Fêmea no Fórum de ONGs da Conferência Mundial do Meio Ambiente realizado no Rio de Janeiro.
Em 1995, assumiu a presidência do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher e chefiou a delegação brasileira à Conferência da ONU sobre a Mulher em Beijing. Foi, por sete anos, Embaixadora na Comissão Interamericana de Mulheres da OEA.
Membro do Conselho Assessor sobre Mulher e Desenvolvimento do BID e consultora da UNESCO para o tema “A emergência do feminino na cultura”. Integrante do Painel sobre Educação para o Desenvolvimento Sustentável da UNESCO e do Painel Mundial para a Democracia, presidido pelo Secretário-Geral da ONU Boutros-Ghalli.
Fundou e dirigiu por 12 anos o Centro de Liderança da Mulher no Rio de Janeiro, projeto apoiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento. Como vice-presidente de Cultura da Associação Comercial do Rio de Janeiro, presidiu o Conselho Empresarial de Educação dessa associação e é membro do Conselho Consultivo da Confederação Nacional do Comércio, bem como do Conselho Científico do Museu do Amanhã.
Foi colunista do Estado de S. Paulo e é articulista do blog Opinião de O Globo. Professora durante 15 anos do Doutorado em Letras da PUC-Rio, é membro do Pen Club do Brasil. Recebeu, entre outras condecorações, a Medalha Rio Branco por serviços prestados à Nação.
O filme
Elogio da Liberdade vai muito além da biografia pessoal, traçando uma evolução histórica dos movimentos de mulheres no Brasil. O processo de montagem durou cerca de um ano. O documentário se torna ainda mais importante por conter imagens de seu arquivo pessoal e um rico material de entrevistas e programas de televisão da época.
O documentário, dirigido por Bianca Comparato, percorre sua infância e adolescência, e relata trechos selecionados do trabalho da acadêmica. Conta, ainda, com as participações da filósofa Djamila Ribeiro e da vereadora Marielle Franco, bem como registros das passeatas feministas mais recentes.
O filme Elogio da Liberdade será exibido no Teatro R. Magalhães Jr., localizado na Academia Brasileira de Letras, Av. Presidente Wilson, 203 – Castelo. A sessão acontecerá no dia 4 setembro, às 15h30. A entrada é franca. Faça sua reserva abaixo ou pelo telefone (21) 3974-2526. A Entrada é franca, limitada à capacidade do teatro. 
INSCRIÇÕES
Garanta sua participação gratuita para esta sessão exclusiva. Lugares limitados.


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UM POEMA A SETEMBRO/ CANTO DE SETEMBRO – Ariston Caldas


Um Poema a Setembro


Uma rosa se abriu,
uma estrela passou,
os pássaros fugiram
para os laranjais.

Uma música tocou,
uma noiva partiu,
a chuva aos ninhos
não voltou mais.

Setembro chegou
com a primavera,
à tua espera
ainda estou.

Eu vi setembro
ainda em caminho,
mas vinha só
sem teu carinho.

................

Canto de setembro


Canto de setembro, de boninas,
a mesma ilusão de sonhos idos,
com teus olhos que não voltam mais.

Canto de setembro, de primavera
rodeado de segredos,
de palavras de mistério.

Canto de setembro, de saudade,
de tristeza por um amor que
sumiu levando a primavera.

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“EIS O REGISTRO GRÁFICO DA ENTREVISTA EM K-7, QUE AINDA GUARDO COMO TESTEMUNHO E DEPOIMENTO DE UM DOS MAIS VIGOROSOS TALENTOS INSTINTIVOS COM QUEM CONVIVI”:
                                                                                                                                                                        - Jorge de Souza Araújo

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           Meu nome é Ariston Ribeiro Caldas. Nasci num dia 15 de dezembro de   1926. Vim ao mundo numa fazenda de nome “Boa Sorte”, situada no município de Alagoinhas. De mudança em mudança, permaneci naquela região até os 8 anos, quando minha família transferiu-se para a localidade de Água Preta, hoje cidade de Uruçuca. Mais tarde, mudei-me para Itabuna, onde passei as maiores emoções de minha vida.

            Atualmente trabalho na “Tribuna da Bahia”, onde respondo por assuntos do interior. Enquadro-me na poesia contemporânea com inquietação. Os novos valores revelam exagerada preocupação com a forma e com o vocabulário, num esforço incontido à busca do impressionismo e do exótico, dando a entender desinteresse pela mensagem, pelo lírico, pelo heroico. Isto lembra o movimento parnasiano, que muito pouco acrescentou à poesia brasileira em termos de mensagem, limitando-se a transformações de estética e aproveitamento de vocábulos não considerados por alguns cultores do Romantismo. Por outro lado, sinto que a poesia atual vem se omitindo aos grandes acontecimentos, comportando-se alheia, limitada ou com apelações inaceitáveis.

            Ser poeta é viver com plenitude a vida integral: o amor, o ódio, a dor, a mágoa, o tédio, as desilusões, a saudade, a esperança, a fé, o desejo. Por isso acredito em todos. O poeta é portador de todas as sensações do mundo. Todos os enfermos repousam em sua alma, sente todas as ingratidões, ama desesperadamente e sofre como ninguém jamais sofreu. Tem esperança imorredoura, o que não é simplesmente uma esperança, mas o pressentimento do significado absoluto da vida universal.

            Sobre minha poesia, com exceções, considero-a espontânea e desvinculada de escolas literárias. Não acredito haver recebido influências poéticas, baseado que minhas leituras foram diversificadas. Li os principais poetas do mundo e na poesia brasileira, cheia de valores, ainda me rendo a Castro Alves, de quem não encontro nenhum vestígio nos versos por mim escritos, que revelam, de acordo com o meu poder criativo, somente o que vai em minha alma, no meu interior.

            Analisar poesia é tarefa difícil, especialmente para os poetas. E muito mais ainda uma autocrítica. Daí, sobre os poemas “Dissipação”, “Variante sobre o amor” e “História comum”, eu prefiro deixá-los a critério dos leitores, o que me deixa mais à vontade.


(Obra reunida – 1ª Edição)
ARISTON CALDAS

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segunda-feira, 2 de setembro de 2019

MÚSICA DE CÂMARA NA ABL APRESENTA CONCERTO DO QUARTETO DE CORDAS DA UFF COM REPERTÓRIO ENALTECENDO A LATINIDADE


A série “Música de Câmara na ABL” de 2019 apresenta o Quarteto de Cordas da UFF formado pelos instrumentistas Tomaz Soares, 1.º violino, Ubiratã Rodrigues, 2.° violino, David Chew, violoncelo, e Jessé Pereira, violista convidado. O concerto será realizado no dia 3 de setembro, terça-feira, às 12h30, no Teatro R. Magalhães Jr. Entrada franca.
A apresentação faz parte do acordo de cooperação entre ABL e UFF para a realização de eventos musicais gratuitos e de alta qualidade nas instalações da Academia Brasileira de Letras.
O Quarteto da UFF
A Universidade Federal Fluminense é a única universidade pública brasileira a ter em seu quadro funcional um quarteto de cordas com mais de 30 anos de existência, cuja finalidade é difundir obras de repertório universal e brasileiro.

O Quarteto de Cordas da UFF foi criado em 1984 e, desde então, a partir de suas várias formações, busca divulgar a música de concerto e realizar um trabalho de pesquisa acerca dos repertórios para a composição de público, integrando projetos na própria UFF, realizando oficinas e master classes em outras universidades públicas, e se apresentando em espaços culturais, salas de concerto e teatros em Niterói e no Estado do Rio de Janeiro.

Sua formação atual conta com os músicos Tomaz Soares, 1.º violino, Ubiratã Rodrigues, 2.º violino, David Chew, violoncelo, e Jessé Pereira, violista convidado.
Programa
Blas Rivera (1965) – Argentina
"Suite dos Monstros" para quarteto de cordas
Prelúdio I - Ojala que me escuche
Prelúdio II - Jaque Mate
Prelúdio III - Canción para conquistar a la Bailarina
Prelúdio IV - Valsa pro Chico
Prelúdio V - Valsa para King Kong
Radamés Gnatalli (1906 - 1988) - Brasil
Quarteto Popular - Movido - Lento - Allegro Moderato
Heitor Villa-Lobos (1887-1959) – Brasil (60 anos de falecimento)
Quarteto de Cordas n.º 1
"Cantilena" (Andante)
"Brincadeira" (Allegretto scherzando)
"Canto lírico" (Moderato)
Cançoneta (Andantino quasi allegretto)
"Melancolia" (Lento)
Astor Piazzolla (1921-1992) - Argentina
Tango Ballet para quarteto de cordas
I. Titulos
II. La calle
III. Encuentro - Olvido
IV. Cabaret
V. Soledad
Faça sua reserva  para o evento abaixo!
INSCRIÇÕES
Garanta sua participação gratuita para esta sessão exclusiva. Lugares limitados.

22/08/2019



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ARTIGO DO VICE-PRESIDENTE HAMILTON MOURÃO NO JORNAL ESTADÃO


Uma aula de história, de verdade, de brasilidade, que encerra definitivamente a questão sobre os outros interesses escusos sobre a nossa Amazônia.
 ......

“No contexto de uma campanha internacional movida contra o Brasil, ressurgiu a antiga pretensão de relativizar, ou mesmo neutralizar, a soberania brasileira sobre a parte da Região Amazônica que nos cabe, a nossa Amazônia.

Acusações de maus-tratos a indígenas, uso indevido do solo, desflorestamento descontrolado e inação governamental perante queimadas sazonais compõem o leque da infâmia despejada sobre o País, a que se juntou a nota diplomática do governo francês ofensiva ao presidente da República e aos brasileiros.

O Brasil não mente. E tampouco seu presidente, seu governo e suas instituições.

Em primeiro lugar, porque o Brasil tem a seu lado a História, sobre a qual, em consideração à memória nacional, nos devemos debruçar.

A Amazônia que nos pertence foi conquistada no tempo em que só a ação intimorata garantia direitos. Depois da expulsão dos franceses de São Luís (1615) e da fundação do forte do Presépio, a futura Belém (1616), corsários ingleses e holandeses foram combatidos e expulsos da foz do Rio Amazonas.

A União Ibérica (1580-1640) ofereceu oportunidade para que bandeirantes e exploradores rompessem as Tordesilhas, um desenvolvimento histórico que tem na primeira navegação da foz à nascente do Amazonas (1637), façanha cometida por Pedro Teixeira, seu marco definitivo.

Foram fortalezas que prefiguraram a ocupação e a delimitação da Amazônia brasileira. Foi a catequese que aglutinou os indígenas sob a proteção da cruz, favorecendo a miscigenação que fomentou o povoamento da região. A fundação do forte de São José do Rio Negro, na confluência do Rio Negro com o Solimões (1663), reuniu em seu entorno índios barés, baniuas e passés, dando origem à povoação que viria a se transformar na cidade de Manaus.

Após a Independência, em nossa primeira legislatura, quando a pretensão estrangeira de impor um monopólio de navegação no Amazonas ousou atribuir aos brasileiros a pecha de ignorantes, coube ao Senado devolvê-la, lembrando que cabia aos brasileiros a primazia dos descobrimentos sobre a região, conforme atestado pelo próprio Humbolt.

E no início do século 20, enquanto a Europa se dilacerava nos campos de batalha da 1.ª Guerra Mundial, um dos nossos maiores soldados, Cândido Mariano da Silva Rondon, completava sua campanha sertanista (1915-1919) em Mato Grosso levantando cartograficamente os vales do Araguaia e as cabeceiras do Xingu; descobrindo minas de sulfeto de ferro, ouro, diamantes, manganês, gipsita, ferro e mica; e o mais importante, fazendo amigas as nações nhambiquara, barbados, quepi-quepi-uats, pauatês, tacuatés, ipoti-uats, urumis, ariquemes e urupás, que ao final da ciclópica empreitada apontavam para as armas dos exploradores e diziam: “Enombô, paranã! Dorokói pendehê” (“joguem no rio, a guerra acabou”).

Epopeia consumada, mas por concluir, na qual o Brasil jamais prescindiu da cooperação das nações condôminas desse patrimônio reunidas no Pacto Amazônico, que comemorou, no ano passado, 40 anos de sua assinatura, o qual, pela sua finalidade e sua clareza de propósitos, dispensa protagonismos de última hora movidos por interesses inconfessáveis. Se existisse algum protagonismo nacional na Amazônia sul-americana compartilhada por nove países, algo que o Brasil nunca avocou, ele seria, pelos números, pela presença e pela História, brasileiro.

Se a História dá razão ao Brasil em qualquer debate sobre a Amazônia, cabe colocar, em segundo lugar, que ele tem a seu favor os fatos.

Não há país que combine legislação ambiental, produtividade agropecuária, segurança alimentar e preservação dos biomas com mais eficiência, eficácia e efetividade do que o Brasil. Não bastassem todos os dados legais e científicos, sobejamente conhecidos, que comprovam essa assertiva, tomem-se não as palavras, mas os atos do governo brasileiro no sentido de combater queimadas e apurar crimes de toda natureza praticados na Região Amazônica, o que desqualifica as desproporcionais acusações e agressões desferidas contra o País por causa do meio ambiente.

E se não bastassem a História e os fatos, cabe apontar o que se revela nas declarações oficiais, nas confidências mal escondidas, nas entrelinhas dos comunicados e no ecorradicalismo incensado pela imprensa: a velha ambição disfarçada por filantropia de fachada.

É inacreditável que, num momento em que guerras comerciais e protecionismos turvam o horizonte mundial, e são publicamente condenados em todas as instâncias internacionais responsáveis, líderes de países europeus venham, individualmente ou em conjunto, tomar iniciativas contra o livre-comércio, procurando sabotar acordos históricos como o firmado entre a União Europeia e o Mercosul e entre este e os países da Associação Europeia de Livre-Comércio (Efta) – Noruega, Suíça, Islândia e Liechtenstein.

Como é inacreditável que pessoas que até há pouco tempo ocupavam cargos públicos se esqueçam de uma das linhas mestras da diplomacia do Brasil, a de preservar a liberdade de interpretar a realidade do País e de encontrar soluções brasileiras para os problemas brasileiros, conforme colocadas pelo chanceler Horácio Lafer em 1959.

Nada disso prevalecerá. O Brasil não tem tempo a perder. Com trabalho, coragem e determinação ele encontrará o seu destino de grandeza: ser a mais pujante e próspera democracia liberal do Hemisfério Sul.

E por qualquer perspectiva, da preservação ao desenvolvimento, da defesa à segurança, da História ao Direito, a nossa Amazônia continuará a ser brasileira.

E nada exprime melhor isso do que a canção do internacionalmente reconhecido Centro de Instrução de Guerra na Selva: À Amazônia inconquistável o nosso preito, / A nossa vida por tua integridade/ A nossa luta pela força do direito/ Com o direito da força por validade.”


(Recebi via WhatsApp)


A mais alta das árvores gigantes da Amazônia está dentro de uma unidade de conservação estadual de uso sustentável, a Floresta Estadual do Parú (PA)Divulgação/Jhonathan dos Santos

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domingo, 1 de setembro de 2019

ABISMO DA RAZÃO - Cyro de Mattos


Abismo da Razão
Cyro de Mattos*


            Do lado de lá, nas terras longes, o homem irascível, bigodinho nervoso. Acabava de instalar o império do medo. Desejava ser o dono do mundo, montado na crença da supremacia da raça branca. Dos mais sofisticados, em alta escala, os armamentos bélicos. Milhões de criaturas indefesas reduzidas a cinzas nos fornos crematórios.

           Anos de fogo, sombras, pesadelos. O mal sem limites.  Corpos usados para expe­riências absurdas. Mães separadas dos filhos, maridos das mulheres. A terra virada no inferno. Milhões de inocentes eliminados sem dó, na enchente a morte. A liberdade recuada para os subterrâneos mais indignos.

          Sirenes, bombas, torpedos. Explosões, cra­teras, escombros.  A fera ressurgia da antiga caverna, assoberbada galopava nas trevas. Não concedia a trégua, bania a razão para os confins inimagináveis do abismo mais profundo.  A vida nutrida de fúria galopava na engrenagem monstruosa do absurdo, o elogio de nadas, tudo sem sentido. Orgulhoso o hominho irascível, inundado de prazer, sorrindo de contente com o holocausto, rostos de penúria, estilhaços de gente por todos os cantos.

          No final, o triunfo do amor. Solda­dos uníssonos no campo da vitória. Retirada do estúpido abismo, de forças dementes   a razão açoitada no gesto vil, a pobre coitada ainda resistia.  Encerrada com os corpos de pessoas fuziladas, o tenebroso acúmulo de ossatura, o teatro fétido nos odores da morte, empilhada nos canais enormes.
  
         Grande passeata pelas ruas do lado de cá, gente grande e pequena dando vivas à liberdade.  O sorriso que alarga o rosto apareceu na rua de barro batido, os habitantes da cidade pequena em euforia incontrolável.  Bombas inimigas caladas para sempre. Já não existem mais as horas do mundo cheio de grito e agonia. Os sinos tocando sem parar a canção constante da paz, antiga, belíssima, irradiando bondade e alegria.
  
         Acreditava-se nos dias promissores. O homem redimido agora, renascido da razão,  nervos fraternos, sentimentos do amor. Cânticos emanavam do peito o bem supremo da felicidade. Não mais o coração esmagado sob as patas impassíveis de manadas enfurecidas. Nos ares libertos da opressão, bemóis da cantiga geral da união como verdade.

          A praça, um bloco extenso de gente, comoventes olhos brilhavam na direção do homem fardado no palanque. De volta da guerra, o rosto do herói numa máscara feita de tecidos sólidos. O locutor chamou o guardador dos ramos da vitória.  Entregou-lhe o microfone. “Comece, por favor, estão ansiosos para ouvir seu relato sobre o horror.”  O homem disse para o locutor, tinha o   olhar imóvel diante da multidão, soltando murmúrios, o vozear confuso, “não posso”.  “Faça um esforço”, retornou o locutor, animando-o.  “Não tenho palavras para descrever o terror.” Acrescentou, mastigando as palavras, “é impossível”.   O locutor ainda perguntou, “não tem palavras?”  O herói fez um esgar medonho, deixou todos com a expressão no assombro diante do silêncio impassível.  Com dificuldade, confirmou, “perdi as palavras nos anos de fogo e bombardeio.”  

           A multidão frustrada, gente triste rumo às suas casas, passos pesados, arrastados, em silêncio, rostos para o chão. Uma procissão de almas penadas, visagens de outro mundo.  O herói havia ajudado esmagar uma mulher diabólica, que arrasa os sonhos, bombardeia projetos, dizima a maravilha, mata a esperança, tritura a ternura, no lugar põe o abismo, que engole a razão sem remorso.  Com sua corrida desembestada, pisoteia tudo que nasce do amor.  Era importante ouvi-lo. Inútil sua palavra congelada. Imprestável para relatar o terror.  Sua razão não tinha sã consciência para descrever a imensa desgraça que viveu no pior abismo.
      

*CYRO DE MATTOS publicou mais de 50 livros, de diversos gêneros.  Autor com prêmios importantes. Também editado no exterior. Membro efetivo da Academia de Letras da Bahia. Doutor Honoris Causa da Universidade Estadual de Santa Cruz (Bahia) 

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