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segunda-feira, 4 de junho de 2018

UMA ANÁLISE A PROPÓSITO DA PARALISAÇÃO DOS CAMINHONEIROS - Pedro Pinheiro da Cunha


29 de Maio de 2018
De pacato a feroz, em que grau o brasileiro está hoje?

“Os pacatos toleram tudo, exceto que se lhes perturbe a pacatez. Pois então facilmente se fazem ferozes…”

Pedro Pinheiro da Cunha
Com estas palavras Plinio Corrêa de Oliveira, há 36 anos, encerrava seu artigo na “A Folha de São Paulo” (14 de dezembro de 1982).

No artigo, considerado uma das peças históricas da sociologia e análise da Opinião Pública, ele discorre a respeito da pacatez tão característica do povo brasileiro, fazendo entretanto um alerta logo no título: “Cuidado com os pacatos!”.

Por brevidade, não reproduziremos aqui o artigo em sua íntegra, que pode ser lido neste endereço https://bit.ly/2sfpFsG. Mas, como aplicá-lo para o dia de hoje? Não falamos de amanhã, do futuro, dos próximos anos. Não. Vamos falar do dia de HOJE.

Enquanto a grande mídia procura focar seus comentários sobre o que chamam de “greve dos caminhoneiros”, desabastecimento dos supermercados, impedimento de mobilização por falta de combustível, efeitos sobre a economia, sobre a saúde e a educação, como se aplica a análise do ilustre pensador católico e líder da autêntica direita — quiçá única — da época?

De 2014 para cá o pacato povo brasileiro viu desvendado pela Lava Jato uma torrente de denúncias de corrupção ocorridas nos últimos 13 anos de governo da esquerda. Isso mesmo, daquela esquerda que gostava tanto dos pobres que procurou saquear o país para aumentar o número deles. Cartéis monumentais de corrupção operando com organização e desfaçatez mesmo durante as investigações e inquéritos da Lava Jato. Algum fator misterioso lhes dava essa segurança.

Pacatamente os brasileiros saíram às ruas do Brasil inteiro para protestar contra o governo e pedir o impeachment da presidente Dilma. Os políticos, em sua maioria com “culpa no cartório”, mas pressionados pela estrondosa manifestação, votaram o impeachment imaginando que, fazendo isso, o pacato cidadão brasileiro voltaria para seu chinelo, seu sofá e administraria sua vidinha.

Instituto Plinio Corrêa de Oliveira
na manifestação a favor
do impeachment da presidente Dilma
Mas o pacato já estava caminhando em direção à ferocidade. Diante de seus olhos o espetáculo diário de novas denúncias, novas delações, o circo judiciário com uma verdadeira pirotecnia de defesas, agravos, recursos, sem contar as novas mazelas envolvendo o novo presidente eleito na coalizão com o PT.

Na sua pacatez os brasileiros assistiram animados o desmantelamento das esquerdas, mas o festival de habeas corpus e de justiça alternativa não serviu para interromper seu caminho rumo à ferocidade. A velocidade aumentou quando novos espetáculos foram protagonizados pela esquerda moribunda, como a teatral prisão de Lula, o ridículo acampamento diante da Polícia Federal de Curitiba, que se foi esvaziando naturalmente, sem que qualquer medida de força fosse tomada.

E, agora, o pacato brasileiro, em sua casa, sem poder sair por falta de gasolina e vendo os mercados esvaziarem-se, assistem à última tentativa de serem enganados pela grande mídia: “a culpa é dos caminhoneiros, a culpa é do preço do óleo diesel”.

A esquerda sucumbiu à tentação, alertada por Plinio Corrêa de
Oliveira em 1982, de, uma vez galgado o poder, passar a tomar medidas policialescas, contrárias à índole pacata do povo brasileiro, como ele escreveu:

Bandeira anticomunista posta no Corcovado,
no início deste mês

“Se a esquerda for açodada na efetivação das reivindicações ‘populares’ e niveladoras com que subiu ao poder; — se mostrar-se abespinhada e ácida ao receber as críticas da oposição; — se for persecutória através do mesquinho casuísmo legislativo, da picuinha administrativa ou da devastação policialesca dos adversários, o Brasil se sentirá frustrado na sua apetência de um regime ‘bon enfant’ de uma vida distendida e despreocupada. Num primeiro momento, distanciar-se-á então da esquerda. Depois ficará ressentido. E, por fim, furioso. A esquerda terá perdido a partida da popularidade.”

A tudo isso assistimos e a algo mais. Talvez o articulista na época tenha evitado falar da cachoeira de corrupção — normal em todos os governos de esquerda — que esmagaria o Brasil. Teria tido ele o receio de parecer fora da realidade para os ainda pacatos que o liam? Mas seus discípulos, conhecendo-o, sabem perfeitamente que todo esse panorama estava certamente previsto e bem avaliado.

Agora, entramos na guerra das pesquisas eleitorais, quem é ficha suja, quem é limpa (como se isso houvesse!). A direita, outrora excomungada, tornou-se grife. E surge uma com uma nova agenda, impossível de se pensar há alguns anos atrás: economia de mercado, valores morais, segurança, fim da ideologia de gênero nas escolas, e tudo o mais que o Brasil pacato quer ouvir.

Quem ganhará: a direita? o centro? a esquerda? — perguntava Plinio Corrêa de Oliveira e respondia — ganhará “quem conhecer as verdadeiras fibras da alma brasileira e souber entrar em diálogo pacato com essas fibras. Seja governo, seja oposição, pouco importa. A influência será de quem saiba fazer isto.

Se a nova direita que desponta (muitas vezes ainda envergonhada e se autodenominando de centro-direita), “não souber manter-se no clima de pacatez, e passar para a violência física, legal ou publicitária contra a esquerda, os pacatos lhes dirão: mas, afinal, qual é a sinceridade, qual a dignidade de vocês, que quando eram oposicionistas [fracos, fraquíssimos, omissos, diga-se de passagem] reclamavam para si liberdade e respeito, e agora que são governo usam da perseguição e da difamação para quem é hoje oposição?”

“E se os pacatos notarem acrimônia nos de centro e de direita, dir-lhes-ão: está bem provado que é impossível conviver com vocês, porque, nem vencedores, sabem ser de um trato distensivo”.

Assim, Plinio Corrêa de Oliveira finaliza seu alerta:

E cuidado com os pacatos que se indignam, senhores da esquerda, do centro e da direita. A hora não é para carrancas, mas para as discussões arejadas, polidas, lógicas e inteligentes. Os pacatos toleram tudo, exceto que se lhes perturbe a pacatez. Pois então facilmente se fazem ferozes…”

Os outrora pacatos caminhoneiros que o digam.


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Comentário para Uma análise a propósito da paralisação dos caminhoneiros

CostaMarques
29 de Maio de 2018 à 11:20

Estava também eu na minha pacatez, vendo o noticiário sobre a “greve dos caminioneiros”, focalizando aspectos como a falta de mercadorias nos supermercados ou gasolina nos postos etc. E pensava de mim para comigo: isso não explica nada, porque essa manifestação-reação dos caminhoneiros tem aspectos saudáveis até que encontro e leio de um só fôlego esse excelente artigo de Pedro Pinheiro reproduzindo com felicidade e adaptando às recentes manifestações o famoso: CUIDADO COM OS PACATOS!
Meus parabéns à ABIM e minhas congratulações a Pedro Parente que acertou no alvo.
Afinal descobri porque também eu sou um PACATO, mas cuidado com os Pacatos!
CostaMarques


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domingo, 3 de junho de 2018

ITABUNA CENTENÁRIA REFLETINDO: O frio que vem de dentro


O frio que vem de dentro


Conta-se que seis homens ficaram presos numa caverna por causa de uma avalanche de neve. Teriam que esperar até o amanhecer para receber socorro.
Cada um deles trazia um pouco de lenha e havia uma pequena fogueira ao redor da qual eles se aqueciam.
Eles sabiam que se o fogo apagasse todos morreriam de frio antes que o dia clareasse.

Chegou a hora de cada um colocar sua lenha na fogueira: era a única maneira de poderem sobreviver!

O primeiro homem era racista. Ele olhou demoradamente para os outros cinco e descobriu que um deles tinha a pele escura.

Então, raciocinou consigo mesmo: “Aquele negro! Jamais darei minha lenha para aquecer um negro”. E guardou-a, protegendo-a dos olhares dos demais.

O segundo homem era um rico avarento. Estava ali porque esperava  receber os juros de uma dívida. Olhou ao redor e viu um homem da montanha que trazia sua pobreza no aspecto rude do semblante e nas roupas velhas e remendadas. Ele calculava o valor da sua lenha e, enquanto sonhava com o seu lucro pensou: “Eu, dar a minha lenha para aquecer um preguiçoso? Nem pensar”.

O terceiro homem era o negro. Seus olhos faiscavam de ressentimento. Não havia qualquer sinal de perdão ou de resignação que o sofrimento ensina. Seu pensamento era muito prático: “É bem provável que eu precise desta lenha para me defender.  Além disso, eu jamais daria minha lenha para salvar aqueles que me oprimem”. E guardou sua lenha com cuidado.

O quarto homem era um pobre da montanha. Ele conhecia mais do que os outros, os caminhos, os perigos e os segredos da neve. E pensou: “Esta  nevasca pode durar vários dias. Vou guardar minha lenha.”

O quinto homem parecia alheio a tudo. Era um sonhador. Olhando fixamente para as brasas, nem lhe passou pela cabeça oferecer a lenha que carregava. Ele estava preocupado demais com suas próprias visões (ou alucinações?) para pensar em ser útil.

O último homem trazia nos vincos da testa e nas palmas calosas das mãos os sinais de uma vida de trabalho. Seu raciocínio era curto e rápido. “Esta lenha é minha. Custou o meu trabalho. Não darei a ninguém nem mesmo o menor dos gravetos”.

Com estes pensamentos, os seis homens permaneceram imóveis. A última brasa da fogueira se cobriu de cinzas e, finalmente apagou.

No alvorecer do dia, quando os homens do socorro chegaram à caverna encontraram seis cadáveres congelados, cada qual segurando um feixe de lenha.

Olhando para aquele triste quadro, o chefe da equipe de socorro disse: “O frio que os matou não foi o frio de fora, mas o frio de dentro”.
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Não deixe que a friagem que vem de dentro mate você.
Abra o seu coração e ajude a aquecer aqueles que o rodeiam.
Não permita que as brasas da esperança se apaguem, nem que a fogueira do otimismo vire cinzas.
Contribua com seu graveto de amor e aumente a chama da vida onde quer que você esteja.
                                                                                             
 (Autor Desconhecido)

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REPARAÇÃO A NOSSA SENHORA APARECIDA - Hélio Dias Viana


1 de junho de 2018
Hélio Dias Viana *

         Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, foi ultrajada no dia 19 de maio, festa de Pentecostes. Tratou-se de uma Missa pela libertação do ex-presidente e atual presidiário Luiz Inácio Lula da Silva, autorizada e celebrada pelo Pe. João Batista Almeida, Reitor do Santuário. Os assistentes ostentavam camisetas vermelhas com duas gravuras: na frente a de Nossa Senhora Aparecida, e atrás a de Lula [foto abaixo].

Lula foi condenado por dois tribunais, por ter recebido com base em propinas um apartamento tríplex, e por isso cumpre atualmente pena de prisão. No entanto, muitíssimo mais grave é ele ter-se empenhado a fundo para conduzir o Brasil pelas vias do socialismo e do comunismo, ambos condenados pela doutrina católica por serem diametralmente opostos à Lei natural e à Lei de Deus.

Está fora de cogitação que o Reitor do Santuário Nacional de Aparecida ignore a esse respeito a doutrina católica. Não pode também ignorar o gravíssimo fato de que, juntamente com Fidel Castro e Hugo Chávez, Lula se empenhou em tornar toda a América Latina socialista, como pode ser constatado em seus muitíssimos pronunciamentos. Seria muito útil à sociedade brasileira, especialmente aos católicos, o Reitor do Santuário de Aparecida esclarecer se está ou esteve de acordo com essa atuação do atual presidiário, cuja liberdade tanto deseja.

Uma sadia reação popular, na qual podemos entrever a intervenção poderosa de Nossa Senhora Aparecida, resultou no impeachment da ex-presidente Dilma, simultaneamente com maior rigor investigativo e processual dos crimes de corrupção. Sem isso, talvez estivéssemos hoje em situação análoga à da infeliz Venezuela, cujo governo ditatorial foi ostensivamente apoiado por Lula e o PT. Devemos à Virgem Santíssima um profundo agradecimento por essa proteção especial. Devemos a Ela também nosso pedido de perdão pelo ultraje que lhe foi feito, além de protestar veementemente pela grave ofensa sacerdotal perpetrada no seu Santuário.**
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(*) Fonte: Revista Catolicismo, Nº 810, junho/2018.

(**) Publicaremos amanhã matéria a respeito de um pseudo “pedido de perdão” feito pelo Pe. João Batista de Almeida.
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Comentário para Reparação a Nossa Senhora Aparecida

Luiz Guilherme Winther de Castro
1 de junho de 2018 à 17:10

Meu irmão, suboficial da reserva da FAB e advogado, ligou para a Basílica em Aparecida protestando e foi informado pelo atendente que havia muita gente telefonando e condenando o fato. Aliás, nós somos nascidos em Aparecida e lá fomos coroinhas na Basílica Matriz e eu cheguei a ser seminarista nos redentoristas.

Posteriormente, o Bispo de Aparecida, o Padre Provincial dos Redentoristas da Província de São Paulo e o próprio Padre Reitor, citado no artigo, publicaram um pedido de desculpas pela inconveniente atitude. |Na verdade, deveriam pedir “perdão”!

Sabe-se muito bem que o político preso foi condenado por ato de corrupção e contra ele ainda pesam mais algumas ações. Ora, o ladrão, o assassino que mata para roubar, o sequestrador, o traficante e outros mais são considerados marginais.

O que é um marginal? Para mim, é aquele que vive a age à margem da lei, seja quais forem os motivos, as táticas ou modus operandi.
Portanto, políticos e empresários presos por corrupção significa que utilizaram meios desonestos para benefício próprio ou de terceiros.
Resumindo, são larápios, ladrões, canalhas, verdadeiros pilantras.
O agravante de tudo isso é que são pessoas esclarecidas, não são tão ignorantes e têm um nível social de causar inveja à população, cuja maioria vive às custas de seu trabalho. Mas, a ambição descarada não tem limites. Portanto, para mim, tanto o tal político como os outros já condenados e presos nada mais são que verdadeiros marginais. O que roubaram pode ter causado falta de assistência ao povo brasileiro em várias necessidades. Será que alguém não morreu por falta de atendimento médico, de medicamentos, já que o dinheiro era desviado? Ora, esses corruptos podem ser considerados verdadeiros assassinos!

Além de tudo, o tal sujeito ainda fez de tudo para transformar o país num “paraíso” comunista!

Tancredo Neves dizia que quando a esperteza é demais ela engole o esperto. No caso do espertalhão preso, acredito que, por ser um iletrado, mas inteligente para o crime, sentiu-se um poderoso, já que massageavam o seu ego e dele tiraram proveitos. Agora, o marginal está pagando a conta.

O pior de tudo é saber que muitos bispos e padres ainda idolatram o tal canalha.

Invoquemos a proteção de Nossa Senhora Aparecida e Nossa Senhora de Fátima, ou seja, invoquemos a proteção da Mãe de Jesus.


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PALAVRA DA SALVAÇÃO (81)


9º Domingo do Tempo Comum – 03/06/2018

Anúncio do Evangelho (Mc 2,23-3,6)

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Marcos.
— Glória a vós, Senhor.

Jesus estava passando por uns campos de trigo, em dia de sábado. Seus discípulos começaram a arrancar espigas, enquanto caminhavam.
Então os fariseus disseram a Jesus: “Olha! Por que eles fazem em dia de sábado o que não é permitido?”
Jesus lhes disse: “Por acaso, nunca lestes o que Davi e seus companheiros fizeram quando passaram necessidade e tiveram fome? Como ele entrou na casa de Deus, no tempo em que Abiatar era sumo sacerdote, comeu os pães oferecidos a Deus, e os deu também aos seus companheiros? No entanto, só aos sacerdotes é permitido comer esses pães”.
E acrescentou: “O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado. Portanto, o Filho do Homem é Senhor também do sábado”.
Jesus entrou de novo na sinagoga. Havia ali um homem com a mão seca. Alguns o observavam para ver se haveria de curar em dia de sábado, para poderem acusá-lo. Jesus disse ao homem da mão seca: “Levanta-te e fica aqui no meio!” E perguntou-lhes: “É permitido no sábado fazer o bem ou fazer o mal? Salvar uma vida ou deixá-la morrer?” Mas eles nada disseram. Jesus, então, olhou ao seu redor, cheio de ira e tristeza, porque eram duros de coração; e disse ao homem: “Estende a mão”. Ele a estendeu e a mão ficou curada. Ao saírem, os fariseus, com os partidários de Herodes, imediatamente tramaram, contra Jesus, a maneira como haveriam de matá-lo.

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.


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Ligue o vídeo abaixo e acompanhe a reflexão do Padre José Vinci:

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A intransigência que nos petrifica

“...os fariseus, com os herodianos, tramaram, contra Jesus, a maneira como haveriam de matá-lo”

No Evangelho deste domingo (9º dom TC), Jesus desmascara uma patologia do espírito, uma enfermidade da alma, uma espécie de tumor social: trata-se da intransigência, que se expressa nas atitudes de preconceito, intolerância, fanatismo, racismo, indiferença, legalismo, moralismo..., matando na raiz toda possibilidade de encontros humanizadores, sobretudo com os “diferentes”.

O intransigente, precisamente porque é vazio de humanismo, deixa transparecer uma visão hermética e fechada da realidade. Esta visão atrofiada, a partir do lugar e da posição social ou religiosa que ocupam, os leva a um enfrentamento com outros por razões ideológicas, políticas ou religiosas, em lugar de compreender a perspectiva do outro e as verdades latentes que há em todo ser humano. 

O roteiro que rege todo intransigente é sumamente simples: consciente ou inconscientemente, divide a humanidade em dois grupos que considera radicalmente opostos. De uma parte, estamos “nós”, que nos encontramos na verdade e somos merecedores de atenção e cuidado, de respeito e inclusive admiração; de outra, se encontram “os outros”, aqueles que estão forçosamente equivocados porque pertencem a um grupo que pensa, sente, age... de maneira diferente. Só resta eliminá-los, ou afastá-los da presença para que não “contaminem” o ambiente com ideias e atitudes subversivas. Em outras palavras, o que transparece é isto: “nós” temos a verdade, “eles” estão no erro.

Sofrendo de uma falta total de compaixão ou empatia, o intransigente pode ser profundamente cruel para com os outros; com a lei na mão e no coração, ele alimenta um tribunal interior que julga, emite pareceres, condena..., acreditando ser fiel a Deus. Os obsessivos e os intransigentes sempre criam problemas; e os intransigentes religiosos mais ainda, porque fundamentam sua intransigência em Deus.

A intransigência edifica uma barreira intransponível entre o “nós” e os “outros”. Ao negar sua condição criatural de com-viver junto aos diferentes, seus semelhantes, o intransigente torna-se uma ilha sem vida e triste. Sua intransigência é sintoma de desumanização. E essa desumanização afeta e é prejudicial a todos. Todo mundo perde. Aos poucos, as pessoas se recolhem em seus medos, em suas inseguranças e começam a acreditar que os diferentes são seus inimigos. Da intransigência passa aos sentimentos hostis, aos discursos fascistas, às práticas fundamentalistas, à segregação...

O princípio da diversidade nos diz que no outro há verdade e que esta verdade deve ser reconhecida e entendida. Considerado sob o enfoque do ouvir sem preconceitos, do conhecer a diferença e do amar a verdade presente no outro, a “diversidade reconciliadora” supõe o diálogo fundado no amor.

Para que haja amor é preciso que haja diferenciação. No amor respeitamos a diferença do outro, amamos a diferença do outro. Diferenciar não é separar; a unidade não é a uniformidade. A diferença não dispersa nem divide, mas provoca convergência crítica e favorece a unificação na diversidade. Ao tornarem absoluta uma verdade, os intransigentes se condenam à intolerância e passam a não reconhecer e a respeitar a verdade e o bem presentes no outro. Não suportam a coexistência das diferenças, a pluralidade de opiniões e posições, crenças e ideias. Daí surgem o conservadorismo radical, o medo à mudança, a violência diante da crítica, a suspeita, a vigilância, o controle autoritário... 

A intolerância é uma expressão de atrofia espiritual que tem graves consequências na vida social e no desenvolvimento dos povos. É a incapacidade de aceitar os outros em razão de suas ideias, convicções ou crenças. É uma grave debilidade que torna impossível a coesão e a correta interação entre pessoas e grupos humanos. No fundo, tudo isso é expressão de um avassalador vazio existencial. A vida fanática e intolerante é uma vida sem sentido, carente de interesse e de originalidade,

Em um mundo polarizado por fanatismos de caráter muito diverso, tensionado por forças irracionais, tanto de origem religiosa como política, a educação do “sentido espiritual” da vida constitui uma urgência, frente a uma insistência mecânica de padrões de conduta e de modelos impostos pelos grandes meios de comunicação de massa.  A vida espiritual é abertura, receptividade e movimento. As grandes figuras da história espiritual nunca sucumbiram ao fanatismo e à intransigência. Foram benevolentes, compassivos e receptivos. Praticaram o diálogo com todos, sem discriminação alguma.

Há demasiadas divisões entre nós; há demasiadas condenações e violências (verbal e física); há demasiadas exclusões e marginalizações. E tudo simplesmente “porque não é dos nossos”, “porque não pensa como nós”... Podemos pensar diferente, mas nem por isso temos de nos excluir; não somos donos da verdade; também os outros pensam e tem uma percepção diferente da realidade.. Podemos ter critérios diferentes, mas nem por isso temos que criar muros que nos separam. O diferente não deve excluir ninguém; o diferente pode ser uma fonte de enriquecimento mútuo.

O evangelho deste domingo (9º dom TC) nos revela que o intransigente nunca se põe no lugar do outro; só ele tem razão. Isso porque ele pensa a partir da lei, mas não pensa a partir da situação e das necessidades dos outros. E com isso ele faz um triste favor a Deus, porque dá a impressão de que Deus prefere suas leis ou suas interpretações e não as carências dos outros.

O intransigente se converte em centro de sua fidelidade à lei; mas prescinde do ser humano. Ao intransigente não lhe importa que o outro tenha fome no sábado, como tampouco lhe importa que esteja enfermo. O importante é o sábado e não a pessoa.

Mas Jesus pensa e age de outra maneira; primeiro é o ser humano e depois a lei; esta deve estar a serviço do ser humano. Por isso, a presença de Jesus na sinagoga revela-se como um apelo e uma ocasião privilegiada para pôr em questão nosso confinamento religioso, nossas posturas fechadas, nossas visões sociais estreitas e preconceituosas... e abrir-nos à diversidade e ao diferente. Sem alteridade regenerante caímos no confinamento de uma pureza de ortodoxia, de uma ideologia segregadora, de um legalismo estéril, de uma doutrina impositiva. Confinamento que nos torna cegos aos valores e riquezas que vem de outras expressões humanas e religiosas. O modo de proceder de Jesus nos instiga a acolher a diversidade como expressão da inesgotável criatividade divina.

A diferença promove a unidade lúcida e criativa; por isso é valor a ser preservado e a ser desenvolvido, é potencial a ser ativado. “O Espírito Santo cria a diversidade na Igreja. A diversidade é bela, mas o mesmo Espírito Santo faz também a unidade, para que a Igreja esteja unida na diversidade; para usar uma expressão bela: uma diversidade reconciliadora” (papa Francisco).

Texto bíblico:   Mc 2,23-3,6
Na oração: a intransigência impede a pessoa de viver, de se abrir ao mundo, de ser espontânea e de viver mais intensamente;

- a impiedade da intolerância frente ao “diferente” e o descalabro dos racismos envenenam corações e fomentam as dinâmicas excludentes que envergonham a humanidade e não podem ser aceitas, pacificamente, pelos(as) seguidores(as) de Jesus;

- o racismo é sutil; está presente lá no fundo; é uma grande praga que exige grande esforço para dela se livrar; vira sentimento que se justifica e dá forma a modos de falar, define posturas e cria as distâncias, rompendo a comunhão.

- Como você se posiciona diante das diferenças religiosas, políticas, raciais, de gênero, de cultura...?

Pe. Adroaldo Palaoro sj

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sábado, 2 de junho de 2018

A GREVE DOS CAMINHONEIROS E O GOSTO PELO CAOS


30 de maio de 2018
Por Thiago Kistenmacher, publicado pelo Instituto Liberal


Para além das discussões econômicas e políticas que envolvem a greve dos caminhoneiros, quero chamar atenção para um fato velado: o gosto que grande parte da população que defende a greve nutre pelo caos. Sim, é isso mesmo.

Santo Agostinho, em suas Confissões, distinguindo prazer e curiosidade, diz que, ao passo que o primeiro busca o que é belo, melodioso e suave, a segunda faz com que a população corra para o cadáver dilacerado, ainda que isso lhe cause horrores.

A partir de tal reflexão e considerando o contexto atual, proponho esse debate que gira em torno dos mais pérfidos anseios humanos e suas contradições.

Que a humanidade tenha gosto pelo caos é um fato inegável. No entanto, penso que podemos separá-lo em três degraus: 1) o gosto pela iminência do caos; 2) o gosto pelo caos em si; 3) o recuo quando ele bate na porta.

O primeiro degrau, o gosto pela iminência do caos, diz respeito exatamente ao que estamos vivendo. Diante da possível desordem, há o deleite de grande parcela da população favorável à greve e à sua radicalização. Há muita gente que, não admitindo seu lado sombrio, torce para que os caminhoneiros continuem paralisados. Não porque estejam verdadeiramente preocupados com as condições de trabalho daqueles homens, mas porque querem experimentar o caos.

É preciso ser muito ingênuo ou hipócrita para dizer que essa sensação não causa prazer nas multidões. Ou você acha que o radicalismo daquele seu amigo que nunca se preocupou com política se dá única e exclusivamente porque ele se compadece pelos caminhoneiros? Ou que aquela desocupada que passa a tarde toda vendo o programa da Sonia Abrão não gosta de falar sobre isso com a outra vizinha desocupada? Ambos sabem, em seu íntimo, o que desejam. Contudo, jamais o admitirão.

Somos todos caminhoneirxs!” branda o fanático que, na verdade, aspira à rebelião generalizada. “Essa luta é nossa!”, exclamam alguns que, no fundo, querem ver uma colisão.

Todos os sujeitos minimamente sinceros sabem o quanto uma enchente ou uma cidade ilhada por causa de uma catástrofe natural causam furor. Moro em Santa Catarina e sei muito bem o quanto as pessoas daqui gostam – sim, exatamente isso! – de ver os rios tomarem as ruas e as casas – que não as delas, de preferência. Vi algumas pessoas fazendo selfies com sorrisos diante de um rio que transbordava. Grotesco! Não é por acaso que as ideias, livros e séries apocalípticas abundam.

A possibilidade do pandemônio excita os ânimos, gera artigos “científicos”, tira as pessoas da rotina livrando-as do trabalho, cancelando suas aulas e dando-lhes assunto – e não é exatamente o que a greve dos caminhoneiros tem feito? Quanto menos abastecidos estiverem os postos de gasolina e os mercados, mais abastecidos estarão os ânimos selvagens.

O segundo degrau, a apreciação do caos em si¸ diz mais respeito à atração pela barbárie quando ela está distante. Ninguém quer, com exceção dos psicopatas revolucionários, estar imerso numa guerra civil, por exemplo. Por esse motivo tal fetiche precisa ser realizado de longe, seja pela televisão ou pela internet, com suas palavras de ordem em caixa alta.

Neste estágio a greve dos caminhoneiros torna-se um espetáculo, um show cujo final o “engajado” acredita que pode alterar ao sabor do seu ímpeto rebelde. Ele também faz campanha de agitação on-line. Mas permanece ali, assistindo do seu apartamento abastecido uma série de TV da qual acredita participar.

Dessa forma o sujeito pode, ainda que inconscientemente, ver como ocupa um lugar privilegiado em comparação aos países miseráveis ou em guerra. Compadece-se da miséria apenas no “gogó”; lamenta a guerra na Síria, mas se apraz assistindo vídeos dos bombardeiros no Youtube. Ao mesmo tempo em que encantado pela anarquia, de certa forma, ele a teme, pois ela balançaria seu conforto que só a serenidade traz.

Assim, neste instante o sujeito extremista deve tomar uma posição mais concreta: ou ele permanecer admirando o caos à distância, de forma segura; ou, mais apaixonado do que nunca pela violência política, avança para o próximo degrau e alimenta ainda mais a desordem. O produto dessa última aspiração, não obstante, são os efeitos com os quais se deparam aqueles que optam pelo agravamento do radicalismo.

O terceiro degrau, o recuo quando ele se bate na porta, é paradoxal – e por enquanto hipotético. Isso porque agora o sujeito que defendia a revolução vê a desordem bater na sua porta. É nesse momento que ele estaca, pois seu instinto de preservação, de pai, de mãe, falam mais alto.

Se antes ele desejava que a população “quebrasse tudo”, agora ele a teme. Antes ele quis inquietar o povo através de mensagens no Whatsapp dizendo que os mercados não seriam abastecidos e que haveria um caos. Naqueles tempos ele estava no primeiro degrau, e provava o gosto ainda doce de uma tragédia. Mas agora os caminhões não mais circulam há meses e diversas outras categorias, encorajadas por inconsequentes como ele, aderiram ao protesto. Há, portanto, a fome. Agora ele se encontra de fato numa situação que antes era apenas teoria e, como era de ser esperado, o apóstolo facebookiano da insurreição encontra-se desesperado.

O caos já não é mais televisionado, mas assistido da varanda; a desordem que ele tanto propagava pelas redes sociais chegou ao seu bairro; as armas que ele queria voltadas contra o palácio do governo começam a tomar as ruas e o exército que ele desprezava perdeu o controle da situação. Eis a barbárie que parecia menos cruel nos livros e na televisão.

Como consequência, o imoderado que antes assistia o caos do sofá e que, não satisfeito, incitou à radicalização, se vê no terceiro último degrau. Agora, lá de cima, ele contempla os efeitos do que favoreceu, observa as sequelas deixadas pelas teorias, por seu discurso inflexível e precisa escolher: ou permanece lá, entrando na guerra e assinando uma declaração de inimigo da paz e da segurança pública ou ele baixa a cabeça humildemente e confessa que sua posição radicalizada redundou numa barbárie que nem ele próprio consegue sustentar.

Quis chamar a atenção para o fato de que muita gente, inclusive os “especialistas” em economia com os quais poderíamos encher um caminhão, emitem opiniões extremas sem o mínimo embasamento.
Além do que, sem calcular os resultados, o discurso do extremista, quando lançado aos quatro ventos, pode criar uma tempestade pela qual ele próprio poderá ser vitimado. Sabemos que quando alguém está convicto de atuar do lado do “bem”, todo mal pode ser justificado. Então, prudência antes de sair por aí estimulando apetites radicais interiores e mal resolvidos disfarçados de cumplicidade.

Claro que aqui também lidamos com situações hipotéticas, pois felizmente não chegamos ainda ao último estágio. Entretanto, além do gosto pelo caos – que é um fato concreto – há o medo dele, como pudemos notar. Eis o paradoxo. Muitas vezes quem propaga a barbárie no calor do momento assim o faz por não medir suas implicações. A propósito, é sempre importante lembrar que Marat e Robespierre, sanguinários como poucos, acabaram também guilhotinados. O extremismo nunca foi um carro a ser seguido, salvo se formos tiranos e suicidas.

Por fim, ainda que a greve dos caminhoneiros tenha sua razão de ser, ou seja, o preço elevado dos combustíveis, não é em função disso que devemos entregar a boleia do nosso caminhão de sentimentos para um irresponsável motorista jacobino. Afinal de contas, sabemos que este não aprendeu nada com as viagens da História e que, por isso, continua trafegando perigosamente na contramão.


Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.

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AABB ILHÉUS ABRE AS PORTAS PARA DIVULGAÇÃO NO CLUBE


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Pela primeira vez em seus 60 anos, o tradicional clube da Praia do Sul oferece seu espaço para quem deseja anunciar produtos e serviços em suas dependências. Foi lançado o projeto Portas Abertas para Divulgação na AABB Ilhéus.

Os espaços disponíveis para divulgação encontram-se junto ao Parque Aquático, nos campos de futebol, quadras de tênis e futevôlei, restaurante, bar e estacionamento do clube. Todos com visibilidade estratégica.

Quem vai ser influenciado por essa divulgação é o público qualificado que frequenta a AABB Ilhéus não só nos fins de semana e feriados, quando ocorrem picos de frequência, mas também durante toda a semana. Vai desde os sócios com seus dependentes familiares, passando por jovens e adultos presentes nos eventos esportivos e sociais, até crianças e adolescentes alunos da escolinha de futebol.

Segundo o presidente do clube, Thales Lavigne de Melo, a AABB Ilhéus compartilha custos de instalação da estrutura de exibição e de segurança do material de publicidade com os parceiros. “Os compromissos são mútuos e solidários, valendo a princípio pelo período de 12 meses”, destaca.

O projeto Portas Abertas para Divulgação foi desenvolvido pelo birô de comunicação Olhos de Lince, de Itabuna, com a colaboração técnica da Lumiplack e da C3 Comunicação Visual, empresas produtoras de publicidade outdoor de Ilhéus.

De acordo com o coordenador do projeto, publicitário Carlos Malluta, “pela qualidade, tanto do público como do clube, aí se acha uma das melhores relações custo/benefício de Ilhéus e região”. E conclui: “Com certeza, os primeiros serão os primeiros a ganhar com essa oportunidade inédita de divulgar seu nome dentro da AABB Ilhéus”.

Contato – Carlos Malluta: (73) 9.9133-4523 (Tim/WhatsApp) e (73) 9.8877-7701 (Oi)

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JUNHO MÊS CHEIO DE EMOÇÕES! - Antonio Nunes de Souza


Junho, mês cheio de emoções!

Com o final de maio e o país tumultuado, procurando assentar a poeira causada com a greve dos caminhoneiros, entraremos gora no nosso mês de festas tipicamente nordestinas e, para completar com chave de ouro, ainda teremos as disputas da Copa do Mundo de futebol, que serão realizadas na Rússia!

Sem a menor dúvida, estaremos bem servidos com as comilanças e folguedos juninos, os eventos programados e improvisados, pelas esperadas vitórias da nossa jovem seleção que, erroneamente, o povo coloca nas costas de Neymar o peso de ter que favor os gols necessários. Temos que olhar que são onze atletas em campo e todos são responsáveis pelas vitórias e, principalmente, pelas possíveis derrotas, que todas as seleções estão passíveis!

Infelizmente, no meio dessa alegria toda, teremos que suportar as intromissões políticas para as próximas eleições em outubro, as tapeações dos traidores bandidos e corruptos “comprovados” que, a nossa obsoleta lei, ainda dá brechas para tal fim. Com certeza tirará o nosso brilho, em função de pegar o povo animado com os forrós e as bravuras esportivas, se esqueçam dos nomes dos calhordas golpistas e apoiadores de desviadores de verbas públicas!

Vamos tomar nossos licores, dançar ou ver as nossas deslumbrantes quadrilhas juninas, repudiando as quadrilhas políticas, queimar nossos fogos, pular fogueiras, vestir a camisa amarela, enfeitar de bandeirolas os nossas bairros e avenidas, aproveitar esse momento de felicidade, para esquecer um pouco nossos sofrimentos cotidianos!

Antonio Nunes de Souza, escritor
Membro da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL

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