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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

AS RUAS: NÃO SE ESQUEÇAM DAS RUAS, SENHORES!

14 de fevereiro de 2017

Foi a pressão popular que derrubou o governo mais corrupto da história brasileira. É claro que não fez isso sozinha. Contou com gente séria no Ministério Público e na Polícia Federal, e também gente não tão séria assim na política, de olho em interesses imediatos. Mas a pressão das ruas foi o fator preponderante, alimentado pela Operação Lava Jato. É isso que será testado nos próximos dias.

O PT acusou de “golpe” o impeachment, pois sua narrativa será sempre a de vítima. Não entendeu – ou fingiu não ter entendido – que Eduardo Cunha e Michel Temer foram instrumentos das ações populares, não suas causas. Tanto que Cunha está preso. E Temer balança, mas não cai – ainda.
Precisa se equilibrar na corda bamba, e tem que fazer isso protegendo a Lava Jato. Caso contrário, cairá também.

O novo Brasil não tem bandido preferido, não aceita a velha politicagem, não toma partido. Ou por outra: toma sim, mas é o partido do interesse nacional, do combate à corrupção, da superação da crise econômica e social. O povo está cansado, sofrendo, e quer avanço. Não vai compactuar com políticos safados.

É a mensagem de otimismo do historiador Marco Antonio Villa em sua coluna no GLOBO hoje. Ele afirma que Brasília vive numa bolha e ainda não se deu conta do perigo que corre, pois o mundo da fantasia criado lá não permite que os políticos sintam bem o pulso da nação, o clima de revolta. Ele diz:
Somos governados por uma elite perversa e hipócrita.Interesse público? Nenhum. Brasília, na sua eterna indiferença com os destinos do Brasil, a cada dia dá mostras de que a República que nasceu da Constituição de 1988 já deu o que tinha de dar — e deu pouco, para o povo, entenda-se.

O que chama a atenção é a crença dos donos do poder de que os brasileiros vão assistir passivamente ao velho jogo do é dando que se recebe. Como se a luta vitoriosa pelo impeachment tivesse esgotado a capacidade de mobilização. Ledo engano. No final de 2015, poucos imaginavam que, seis meses depois, Dilma Rousseff estaria fora da Presidência da República. E isto só ocorreu pela pressão popular.

Para o bloco do poder, o impeachment encerrou a crise política. Errado. O impeachment somente destampou a panela de pressão. A crise vai se agravar após as revelações das delações da Odebrecht. E mais ainda pela resistência organizada na Praça dos Três Poderes contra a Lava-Jato.

[…]
A questão central é que a velha ordem quer se manter a todo custo no poder. E tem milhares de apoiadores — sócios menores e maiores — que vivem à sombra do saque do Estado. Usam, paradoxalmente, do estado democrático de direito para se defender. Ou seja, a lei, ao invés de proteger o Estado e a cidadania, acabou se transformando em instrumento que garante e protege os corruptos.

Exato. E boa parte da população já se deu conta disso, e quer mudanças, quer a lei e o estado protegendo o próprio povo, não a classe governante e seus apaniguados. A Lava Jato continua intocável para milhões de brasileiros, cientes das tentativas de melar o jogo, parar por aqui, blindar os caciques. Mas, como José Casado mostra em sua coluna, ainda falta muito para que a Lava Jato chegue perto da Operação Mãos Limpas, sua inspiração italiana:

Lá, em oito anos, foram investigadas 6.059 pessoas — entre elas, 483 parlamentares, dos quais quatro ex-primeiros-ministros. Contaram-se 2.993 prisões e cerca de mil condenações. Empresários se suicidaram, sobreviventes se beneficiaram da anistia autoconcedida pelos políticos.

Aqui, em quase três anos, são 788 investigados com 188 prisões — 90% empresários, e um político com mandato. Contam-se 120 condenações na primeira instância judicial.
Até dezembro, apenas três ações haviam sido abertas contra parlamentares no Supremo. Uma contra o deputado federal Nelson Meurer (PP-PR) e duas contra Eduardo Cunha (PMDB-RJ), enviadas a Curitiba depois da sua cassação.

O Supremo terminou 2016 aguardando decisão da Procuradoria-Geral sobre 58 inquéritos sem denúncia formalizada, de acordo com o relator no STF, Teori Zavascki. Desses, 25 (ou 43%) estavam na polícia ou no Ministério Público. O restante fora ao arquivo (seis casos), juntados ou redistribuídos a outros juízes (27).

Os caciques políticos estão redondamente enganados se acham que vão conseguir encerrar o processo por aqui. O que vimos foi apenas o começo! Quem acha o contrário não entendeu a força das ruas. “No Congresso sobram evidências de tentativas para um certo ‘acordo nacional’. O problema é o mesmo do último carnaval: falta combinar com a rua”, conclui Casado.

E a rua não irá contemporizar com bandidos. Merval Pereira mostra em sua coluna que o presidente Michel Temer talvez já tenha percebido isso, e age para ao menos demonstrar ciência de que não haverá espaço para bandalhas:

O presidente Michel Temer definiu ontem publicamente o novo critério: caso seja feita denúncia contra um ministro, ele será afastado provisoriamente. Caso ele se transforme em réu, será “afastado definitivamente”.  O próximo passo para que Temer se afaste das maquinações contra a Lava Jato deve ser a escolha do novo ministro da Justiça.

A conjunção de nomeações, colocando Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal (STF), abrindo vaga para um novo ministro em área tão sensível, que comanda a Polícia Federal, além da nomeação de Moreira Franco para um ministério criado aparentemente para blindá-lo de uma provável delação premiada, fez com que a possibilidade de um movimento coordenado contra a Lava Jato parecesse provável especialmente voltando a cogitação do advogado Antonio Mariz de Oliveira para a Justiça, possibilidade que havia sido vetada pelas suas posições contra pontos fulcrais da Operação.

Mais uma vez Temer desistiu de Mariz, e Alexandre de Moraes teve o apoio público do coordenador dos procuradores de Curitiba Deltan Dallagnol, que em recente entrevista ao site O Antoganista disse que Moraes nunca deu qualquer sinal de obstrução da Polícia Federal, e tem posições alinhadas à Lava Jato em relação à prisão em segunda instância e à redução do alcance do foro privilegiado.

O resumo da ópera é que o povo brasileiro está de olho, e com sangue nos olhos! Quem tentar melar a Lava Jato será atropelado por essa multidão em busca de mudanças. Já vimos certos formadores de opinião tendo sua reputação arduamente conquistada ao longo de anos ruindo num piscar de olhos, pois passaram a focar sua energia em ataques à Lava Jato. Críticas construtivas tudo bem; mas priorizar a Lava Jato como alvo, em vez de algo que deve ser protegido contra as maquinações políticas, isso é suicídio moral nos dias de hoje.

E com razão! Pois ainda falta muito que ser feito para limpar essa podridão do Antigo Regime. Se os políticos poderosos acham que serão capazes de driblar a Justiça, estão equivocados e vão conhecer a força das ruas uma vez mais.

Rodrigo Constantino





Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.

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HISTÓRIA DE ITABUNA: A HONRA NAQUELES TEMPOS - Oscar Benício dos Santos

A honra naqueles tempos


Estamos no início do século passado. Itabuna parcialmente às escuras, tinha seus bairros, ou melhor, suas ruas de melhores edificações iluminadas, juntamente com as residências, por motores a diesel. Estas máquinas ficavam na conhecida Usina de Luz e era manobrada por trabalhadores da região sob a direção de um homem correto e honesto pai de família.

Por desconhecer o nome do chefe da Usina, vou tratá-lo por Compadre, como meu avô o chamava, pois havia batizado uma de suas filhas.

Este senhor passava as noites praticamente às claras na Casa da Luz – como a maioria dos habitantes de Taboquinhas a conhecia.

Vizinho à Usina morava um casal de lindíssimas moças casadoiras, as quais cuidavam mais de se casarem do que qualquer outro afazer. Das três jovens, a mais velha e desinibida, apiedou-se da solidão do Chefe da Usina e resolveu, às escondidas dos pais, fazer companhia, com suas conversas cativantes, ao compadre do meu avô. Conversa vai, conversa vem, até que uma noite ela deixou de conversar e ele de ouvir. O esperado aconteceu...

Naquela época o defloramento era crime tão grave quanto o homicídio e só era reparado com o casamento ou prisão.
O Compadre homem de certo preparo e conhecimento, sabedor do delito que havia cometido, refugiou-se na casa do meu avô materno, Manoel Amâncio da Silva – Escrivão do Júri e Tabelião da Comarca de Itabuna –, pedindo guarida. O destacamento de policiais comandado pelo Delegado o não encontrando na residência, foi procurá-lo na casa do meu avô, pois sabia da amizade entre os dois.

O Velho Manoel da Silva, coronel da Guarda Nacional, recebeu carinhosamente o amigo e o fez sentar-se ao lado direito da cabeceira que ocupava, defronte ao meu pai, Coronel Francisco Benício dos Santos, seu genro, que há pouco chegara. Mandou o Delegado entrar e com a solenidade que a reunião pedia, levantou-se e, apontando a cadeira na outra cabeceira, pediu ao policial para se sentar.

Um diálogo seco entre meu avô e o Delegado prolongou-se por intermináveis minutos para o deprimido Compadre, o qual, percebendo que estava irremediavelmente perdido, sacou do coldre, na cintura, a pistola e apontando-a para o próprio ouvido, numa questão de segundos disparou-a, deixando a cabeça ensanguentada tombar sobre o braço esquerdo.

Horrorizados os circunstantes, boquiabertos observavam o olhar opaco do morto, que só é guardado pelos suicidas. Meu avô interpretou aquele olhar como um pedido de perdão aos seus, que ele deveria levar à mulher e às filhas.

Assim tratava-se a honra naqueles tempos...

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Oscar Benício dos Santos - nasceu em Itabuna BA no dia 08 de dezembro de 1926, filho do desbravador de Itabuna e historiador Francisco Benício dos Santos e de dona Adelaide. Estudou em Itabuna e depois em Salvador no Instituto Baiano de Ensino e no Colégio Maristas. Fez o curso de Odontologia na Faculdade Federal da Bahia. Ao se formar montou consultório em Salvador e também cuidava  das suas fazendas de cacau em Itabuna e de gado em Itaju do Colônia. Hoje reside na sua Fazenda Guanabara em Itabuna. É autor do livro CACAU EM VERSOS lançado com grande sucesso na 1ª Feira Universitária do Livro da Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC no dia 21/10/2013 

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terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

PORTELA: SAMBA ENREDO PARA O CARNAVAL 2017


Compositores: Samir Trindade, Elson Ramires,Neizinho do Cavaco, Paulo Lopita 77, Beto Rocha, Girão e J.Sales
Intérpretes: Tinga, Diego Nicolau, Marquinhos Art Samba, Zé Paulo e Luís Paulo
Participação Especial: Velha Guarda da Portela

Ligue o vídeo abaixo:

Vem conhecer esse amor

a levar corações através dos carnavais
vem beber dessa fonte
onde nascem poemas em mananciais
reluz o seu manto azul e branco
mais lindo que o céu e o mar
semente, de Paulo, Caetano e Rufino
segue seu destino e vai desaguar

A jangada vai chegar na aldeia

alumia meu caminho, candeia
onde mora o mistério, tem sedução
mitos e lendas do ribeirão

Cantam pastoras e lavadeiras pra esquecer a dor

tristeza foi embora, a correnteza levou
já não dá mais pra voltar (ô iaiá )
deixa o pranto curar (ô iaiá)
vai inspiração, voa em liberdade
pelas curvas da saudade
óh mãmãe orayeyeo vem me banhar de axé orayeyeo

É água de benzer, água pra clarear

onde canta um sabiá

Salve a velha guarda, os frutos da jaqueira

Oswaldo cruz e Madureira
navega a barqueada ,aos pés da santa em louvação
para mostrar que na portela o samba é religião


O perfume da flor é seu

um olhar marejou sou eu
quem nunca sentiu o corpo arrepiar
ao ver esse rio passar.


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DEUS, SAÚDE E DINHEIRO – João de Paula

Deus, Saúde e Dinheiro

É a base para  manter o equilíbrio  e uma vida longa.

O que eu faço sem Deus?
O que eu faço sem Saúde?
O que eu  faço sem Dinheiro?

Há o ateu, mas alguém acaba acreditando em alguma coisa, ou na razão superior, ou no superior racional, o Deus.
Há quem tem boa saúde, vida boa, boa vida, que entra e sai em qualquer lugar esbanjando saúde.

Na verdade,  com saúde a gente vai longe, chega longe, pode contemplar a própria vida mais feliz e caminha avante.
Há quem diga que não precisa de dinheiro para viver e sobreviver; que o dinheiro não é tudo; que para ser feliz não precisa de dinheiro, a moeda corrente que faz a maioria das pessoas comprar e adquirir o que bem quer.

O certo é que o homem para ser feliz tem que eliminar a doença, a pobreza e o conflito; e buscar vivenciar a paz, a saúde e a prosperidade na sociedade em que vive,  no meio social ou em qualquer parte deste planeta. O homem  vai precisar de dinheiro e saúde. Pode até não acreditar em Deus, mas Deus acredita nele, em você, em todos nós.

Agora, com Deus, com saúde e dinheiro tudo fica mais fácil para obter o que almejamos. Obter a boa fama, obter a casa dos sonhos, a joia, o livro, o carro, o jardim, a vida e a beleza. Obter o melhor espaço na mansão dos mortos.

É claro que devemos cuidar dos dois campos: o material e o espiritual, para que possamos ser fortes e compreender melhor alguns encontros e desencontros, cantos e desencantos, flores e cores, realizações e desânimos, amigos e invejosos, sucesso e insucesso, morte e vida.

A verdade é que todos buscam  a satisfação e a realização pessoal; buscam saltar de felicidade algum dia, buscam a boa fama, a posição social, o reconhecimento e o destaque dos seus atos e ações em vida.

Vários são os valores morais e espirituais  que são agregados a estas metas e focos.  É claro que o conceito de felicidade, sim, não, gozo, realização pessoal, céu,  prosperidade e de ser o possuidor de bens materiais varia de pessoa para pessoa.

Neste sentido,  pautado na fé em Deus, onde vamos ampliar o amor, a esperança, a justiça,  a humildade, a tolerância, a confiança e o perdão; a nossa visão de vida ampla tem outro significado mediante a cultura espiritualista que aprendemos para uma vida longa e com o respeito pela  arte de viver bem, em  fazer o outro feliz, lutar pelo amor a humanidade.

É claro que a boa saúde é fundamental em todas as idades, para chegarmos bem com o exemplo de vida, para avançar, para ser firme e forte mediante as intempéries da vida.
Basta imaginar que o homem sem saúde não vai muito longe, não. Nem pode inclusive saborear os alimentos; e cada coisa tem o seu sabor todo especial.

A economia tem sido a base da prosperidade, porque quem  poupa sempre tem suas reservas financeiras. É muito bom poder comprar tudo aquilo que podemos comprar para o nosso prazer e felicidade, vez que, o homem foi feito para ser feliz.

Os templos as virtudes devem ser erguidos, por homens livres e de bons costumes, com Deus, saúde e dinheiro, para tornar suas ações duradoras  e exemplares.

O que eu faço sem Deus?
O que eu faço sem Saúde?
O que eu  faço sem Dinheiro?

É  preciso ter uma formação educacional  ampla, uma visão das coisas materiais e espirituais, bem como treinamento, preparação e aprimoramento, para poder aceitar certas coisas da vida e compreender melhor porque o imprevisto não manda aviso prévio.

Todos almejam bonança, bondade, prosperidade, beleza, flores, amores, cores, sucesso e um livro da vida com perfeição, com virtudes, com bons exemplos, com passos a ser seguidos.

Agora, sem Deus, sem dinheiro e sem saúde o homem não chega muito longe, não.

Faça sua experiência e veja que cada ação, cada projeção, cada iniciativa exige uma boa visão, uma boa educação, uma boa formação, uma boa determinação e força de trabalho que com Deus, saúde e dinheiro vogam muito mais. 


João Batista de Paula 

Escritor e Jornalista

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LIBERAL ALGUM PODE DEFENDER MAIS IMPOSTO. OU: OS RISCOS DO PRAGMATISMO EXCESSIVO

13 de fevereiro de 2017



Fabio Giambiagi é um economista sério, que tem o meu respeito. Já li seus livros sobre a Previdência, assim como inúmeras colunas em jornais, e percebo nele uma boa vontade em elevar o nível do debate e defender propostas factíveis, realistas e necessárias para impedirmos uma catástrofe fiscal (ainda maior) à frente.

Dito isso, Giambiagi não é um liberal. É, no máximo, um social-democrata pragmático. O que não é pecado, claro, mas preciso deixar claro que suas posturas não estão alinhadas com o liberalismo clássico. Ele é o típico “economista tucano”, como a maioria daqueles que são “acusados” de “neoliberais” pela esquerda jurássica, aquela da Unicamp.

Em sua coluna de hoje, isso salta aos olhos. Giambiagi começa elogiando Keynes, “talvez o maior economista do século XX”. E faz isso num texto em que prega o aumento de imposto já, uma vez que ele será inevitável em 2019 de qualquer maneira, segundo ele. Eis um trecho:

Peço desculpas ao leitor pela má notícia, mas minha opinião é que em 2019 há boas chances de que o Brasil tenha um encontro marcado com a alta de impostos. Gostemos ou não, em algum momento alguém terá que comunicar isso ao distinto público — e contribuinte. Avisar isso não me agrada.
Em mais de uma oportunidade, no passado, me manifestei em diversos artigos na imprensa contra a alta de impostos.
Com perdão pela comparação indevida com tão ilustre personagem, mas a situação lembra um pouco o que aconteceu com Lord Keynes (talvez o maior economista do século XX), que, certa vez, questionado por uma pessoa que apontara uma suposta contradição entre o que estava dizendo e o que afirmara no passado, teria respondido: “Quando as circunstâncias mudam, eu mudo. E o senhor?”
[…]

É claro que uma parte importante do ajuste do déficit terá que vir da diminuição da despesa de juros, que é muito pesada. O problema é que ela terá que ser consequência — e não causa — do ajuste. Há um risco em emprestar para o governo. Quando o risco for menor, os juros poderão alcançar 7% ou 8% em termos nominais, reduzindo substancialmente a despesa financeira. Primeiro, porém, é preciso ajustar as contas e resgatar a confiança. A queda do risco virá depois.

[...]

É claro que um componente-chave do ajuste fiscal terá que vir do controle da despesa — e o governo está trabalhando nesse sentido com a sua aprovação do teto do gasto. É ilusório, porém, pensar que isso será suficiente para um ajuste fiscal da intensidade necessária para a dívida pública brasileira deixar de crescer como proporção do PIB — e, lembremos, ela tem aumentado muito desde 2011. O aumento da carga tributária deveria ser um ingrediente-chave de qualquer ajuste fiscal que vier a ser implementado no país. Se não for em 2017, terá que ser em 2019. Quem viver, verá.

Keynes está longe de ser o maior economista do século XX, perdendo para Schumpeter, Mises, Hayek e Milton Friedman, ao menos. Esses sim, eram bem mais liberais do que Keynes, que forneceu o pretexto perfeito para que governantes fossem perdulários, em nome da “ação contracíclica” (sempre ignorando que era preciso cortar gastos públicos na era da bonança).

Mas eis o ponto: liberal algum pode pregar aumento de impostos, ainda mais num país como o Brasil! Sim, Giambiagi mostra como é dura nossa realidade, como parece difícil reduzir os gastos, pois seria necessário mexer na Previdência. Guess what? É exatamente isso que um liberal deve recomendar! Reforma previdenciária com contas individuais de capitalização, em vez de esse esquema de pirâmide Ponzi  insustentável.

Ao largar dando a possibilidade de ajustar pelo aumento da receita, com mais impostos, o economista já trai o liberalismo e toca música aos ouvidos perdulários dos políticos. Não, não e não! O ajuste tem que ser no lado das despesas, e somente no lado das despesas! O encontro marcado que temos é com as inadiáveis reformas estruturais de cunho liberal, não com mais impostos.

E se mais impostos fosse mesmo inevitáveis, seriam a última alternativa, não a primeira. Melhor em 2019 do que em 2017, do que já. O liberal deve estar sempre contra aumento de impostos, pois entende que são injustos e ineficientes, especialmente no caso brasileiro, em que o trabalhador paga quase 40% do que ganha totalmente a fundo perdido.

Tucanos gostam de falar em mais impostos. Liberais, não. O debate é legítimo, mas é preciso fazer a distinção de forma bem clara e transparente. No mais, cabe perguntar: onde estão os liberais nesse debate, se o mais à direita que temos são os tucanos?

Rodrigo Constantino


RODRIGO CONSTANTINO
Economista pela PUC com MBA de Finanças pelo IBMEC, trabalhou por vários anos no mercado financeiro. É autor de vários livros, entre eles o best-seller “Esquerda Caviar” e a coletânea “Contra a maré vermelha”. Contribuiu para veículos como Veja.com, jornal O Globo e Gazeta do Povo. Preside o Conselho Deliberativo do Instituto Liberal.



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ITABUNA CENTENÁRIA REFLETINDO (4) - O medo causado pela inteligência

O medo causado pela inteligência
(José Alberto Gueiros, Jornal da Bahia, 1979)


Quando Winston Churchill, ainda jovem, acabou de pronunciar seu discurso de estreia na Câmara dos Comuns, foi perguntar a um velho parlamentar, amigo de seu pai, o que tinha achado do seu primeiro desempenho naquela assembleia de vedetes políticas. O velho pôs a mão no ombro de Churchill e disse, em tom paternal: "Meu jovem, você cometeu um grande erro. Foi muito brilhante neste seu primeiro discurso na Casa. Isso é imperdoável. Devia ter começado um pouco mais na sombra. Devia ter gaguejado um pouco. Com a inteligência que demonstrou hoje, deve ter conquistado, no mínimo, uns trinta inimigos. O talento assusta."

E ali estava uma das melhores lições de abismo que um velho sábio pode dar ao pupilo que se inicia numa carreira difícil. A maior parte das pessoas encasteladas em posições políticas é medíocre e tem um indisfarçável medo da inteligência. Isso na Inglaterra. Imaginem aqui no Brasil. Não é demais lembrar a famosa trova de Ruy Barbosa:

Há tantos burros mandando 
Em homens de inteligência 
Que às vezes fico pensando 
Que a burrice é uma Ciência.


Temos de admitir que, de um modo geral, os medíocres são mais obstinados na conquista de posições. Sabem ocupar os espaços vazios deixados pelos talentosos displicentes que não revelam o apetite do poder. Mas é preciso considerar que esses medíocres ladinos, oportunistas e ambiciosos, têm o hábito de salvaguardar suas posições conquistadas com verdadeiras muralhas de granito por onde talentosos não conseguem passar. Em todas as áreas encontramos dessas fortalezas estabelecidas, as panelinhas do arrivismo, inexpugnáveis às legiões dos lúcidos. Dentro desse raciocínio, que poderia ser uma extensão do 'Elogio da Loucura' de Erasmo de Roterdan, somos forçados a admitir que uma pessoa precisa fingir de burra se quiser vencer na vida.

É pecado fazer sombra a alguém até numa conversa social. Assim como um grupo de senhoras burguesas bem casadas boicota automaticamente a entrada de uma jovem mulher bonita no seu círculo de convivência, por medo de perder seus maridos, também os encastelados medíocres se fecham como ostras à simples aparição de um talentoso jovem que os possa ameaçar. Eles conhecem bem suas limitações, sabem como lhes custa desempenhar tarefas que os mais dotados realizam com uma perna nas costas, enfim, na medida em que admiram a facilidade com que os mais lúcidos resolvem problemas, os medíocres os repudiam para se defender. É um paradoxo angustiante.

Infelizmente temos de viver segundo essas regras absurdas que transformam a inteligência numa espécie de desvantagem perante a vida. Como é sábio o velho conselho de Nelson Rodrigues.

Finge-te de idiota e terás o céu e a terra.
O problema é que os inteligentes gostam de brilhar, que Deus os proteja
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ASSIM ORAVA GANDHI

“Senhor…


Ajuda-me a dizer a verdade diante dos fortes
e a não dizer mentiras para ganhar o aplauso dos fracos.

Se me dás fortuna, não me tires a razão.
Se me dás o sucesso, não me tires a humildade.
Se me dás humildade, não me tires a dignidade.

Ajuda-me a enxergar o outro lado da moeda.
Não me deixes acusar o outro por traição,
apenas por não pensar igual a mim.

Ensina-me a amar aos outros como a mim mesmo.

Não deixes que me torne orgulhoso se triunfo,
nem cair em desespero se fracasso.

Mas recorda-me que o fracasso
é a experiência que precede ao triunfo.

Ensina-me que perdoar é um sinal de grandeza
e que a vingança é um sinal de baixeza.

Se não me deres o êxito, dá-me forças para aprender com o fracasso.

Se eu ofender as pessoas, dá-me a coragem para desculpar-me, e se as pessoas me ofenderem, dá-me a grandeza de perdoá-las.

Senhor, se eu me esquecer de ti, nunca te esqueças de mim.


Mahatma Gandhi

Enviado do meu smartphone Samsung Galaxy. 
Sem referência de autoria 

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