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segunda-feira, 6 de maio de 2019

NAMASTÊ



A palavra NAMASTÊ é o cumprimento em sânscrito que literalmente significa “Curvo-me perante a ti”.

NAMAS (reverenciar, saudar, curvar-se) TE (ti) Namastê é a forma mais digna de cumprimento de um ser humano para outro. Expressa um grande sentimento de respeito. Invoca a percepção de que todos nós compartilhamos da mesma essência, da mesma energia, do mesmo universo. Namastê possui uma força pacificadora muito intensa.

Em síntese é “Saúdo a você, de coração”! e deve ser retribuído com o mesmo cumprimento. O Deus que habita em mim saúda o Deus que habita em você. O Deus que há em mim saúda o Deus que há em ti. O Espírito em mim reconhece o mesmo Espírito em você. A minha essência saúda a sua essência. As pessoas que trocam indiferença, desconfiança ou ódio, são pessoas que esqueceram que Deus habita cada ser.

Conhecido pelos budistas como Anjali Mudra, consiste no simples ato de pressionar as palmas das mãos ante o coração e os dedos apontando para cima, no centro do peito. Inclina-se levemente a cabeça sem ser acompanhado de palavras. Frequentemente fecha-se os olhos, para então curvar-se a coluna, em sinal de respeito à divindade que preenche todos os espaços do universo. A coluna retorna à posição ereta mais lentamente do que quando abaixou, também simbolizando respeito à outra pessoa. Os cinco dedos da mão esquerda representam os cinco sentidos do coração, enquanto os dedos da mão direita representam os cinco órgãos da razão.

Significa então que mente e coração devem estar em harmonia, para que nosso pensar e agir estejam de  acordo com a Verdade. Também é um reconhecimento da dualidade que existe no mundo, simbolizando a união das polaridades, esquerda e direita, bem e mal e sugere um esforço de nossa parte para manter essas duas forças unidas em equilíbrio. Dez dedos unidos no Namastê. O número dez é símbolo da perfeição, da unidade, do equilíbrio perfeito.Os dez Mandamentos As dez emanações da Árvore da Vida, Os dez vértices da estrela de Pitágoras. A Parábola dos Dez Talentos (Mt,25) Toda a criatura é um reflexo dos Dez Atributos Divinos: Apego, Bondade, Conhecimento, Entendimento, Esplendor, Harmonia, Perseverança, Realeza, Sabedoria, Severidade.

Namastê traz o Sagrado  para dentro de cada ser humano, afirmando que Deus não está no céu, num templo ou mesmo na natureza. Deus está em tudo, em cada um de nós e qualquer dissociação da imagem do divino da nossa é inútil. Ao fazer o Namastê, afirmamos que todos somos filhos e partes do Sagrado, indissociáveis e iguais.


(Autor não mencionado)


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POESIA ROMÂNTICA: TERCEIRA GERAÇÃO- Castro Alves


Condoreirismo

            Sofrendo influência de Victor Hugo, a poesia romântica da terceira geração (Castro Alves, Tobias Barreto) é chamada de “condoreira”. O CONDOREIRISMO caracteriza-se pela linguagem pomposa e oratória, pelos ideais de liberdade que prega e pelas imagens grandiosas que utiliza. O principal representante desta poesia é Castro Alves que, além da poesia social, fez também poesia amorosa.

CASTRO ALVES
            Antônio de Castro Alves nasceu em Muritiba, BA, hoje Castro Alves, em 1847, e faleceu na Bahia em 1871.

            Em 1864, matriculou-se na Faculdade de Direito do Recife. Apaixonou-se pela atriz de teatro Eugênia Câmara. Transferiu-se, em 1868, para São Paulo. Abandonado por Eugênia Câmara, para esquecê-la, dedicou-se à caça. Um dia disparou a arma contra o próprio pé e acabou morrendo de tétano e tuberculose.

            Obras: Espumas Flutuantes (poemas); Gonzaga ou A Revolução de Minas (teatro); A Cachoeira de Paulo Afonso (poema).

            Poemas famosos: O Navio Negreiro – Vozes d’ÁfricaO Livro e a América.
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Poesia social

          Superando o extremado subjetivismo dos poetas que o antecederam, Castro Alves significa o último momento do Romantismo, quando este adquire um sentimento social e revolucionário. A poesia deixa de ser pura expressão do EU, torna-se uma arma de combate a serviço da justiça e da liberdade. Defensor dos oprimidos, Castro Alves fez da escravidão negra o alvo predileto de seus poemas humanitários e abolicionistas. “O Navio Negreiro” e “Vozes d’África” são dois dos melhores poemas da literatura brasileira. É possível ficarmos indiferentes diante da força dramática de “O Navio Negreiro”?
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Existe um povo que a bandeira empresta 
P’ra cobrir tanta infâmia e cobardia!... 
E deixa-a transformar-se nessa festa 
Em manto impuro de bacante fria!... 
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta, 
Que impudente na gávea tripudia? 
Silêncio. Musa... chora, e chora tanto 
Que o pavilhão se lave no teu pranto! ... 

Auriverde pendão de minha terra, 
Que a brisa do Brasil beija e balança, 
Estandarte que a luz do sol encerra 
E as promessas divinas da esperança... 
Tu que, da liberdade após a guerra, 
Foste hasteado dos heróis na lança 
Antes te houvessem roto na batalha, 
Que servires a um povo de mortalha!... 

Fatalidade atroz que a mente esmaga! 
Extingue nesta hora o brigue imundo 
O trilho que Colombo abriu nas vagas, 
Como um íris no pélago profundo! 
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga 
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo! 
Andrada! arranca esse pendão dos ares! 
Colombo! fecha a porta dos teus mares!


                         ALVES, A. de Castro – O Navio Negreiro,
                   em ANTOLOGIA ESCOLAR BRASILEIRA, de
                   Marques Rebelo, MEC, RJ, 1967.

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Poesia amorosa
 
            Ao contrário dos primeiros românticos, versando sobre o amor, Castro Alves não se esquiva, não negaceia: o amor é, nele, sensual e realizado. As relações amorosas são apresentadas de maneira viril, saudável, objetiva. Suas mulheres são de carne e osso e são amadas concretamente. Do poema “Boa noite”:

“Boa noite, Maria! Eu vou-me embora.
A lua nas janelas bate em cheio.
Boa noite, Maria! É tarde... é tarde...
Não me apertes assim contra teu seio.”



(NOVO HORIZONTE - Português Vol.II)
Izaías Branco da Silva & Braz Ogleari – Companhia Editora Nacional

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domingo, 5 de maio de 2019

FILTRO SOLAR – Mary Thereza Schmich



Se eu pudesse dar um conselho em relação ao futuro, diria: "Use filtro solar”
Os benefícios, a longo prazo, do uso do filtro foram cientificamente provados. Os demais conselhos que dou baseiam-se unicamente em minha própria experiência. Eis aqui um conselho: Desfrute do poder e da beleza de sua juventude. Oh, esqueça. Você só vai compreender o poder e a beleza da sua juventude quando já tiverem desaparecido. Mas, acredite em mim.

Dentro de vinte anos, você olhará suas fotos e compreenderá, de um jeito que não pode compreender agora, quantas oportunidades se abriram para você. Era realmente fabuloso. Você não está tão fora de forma quanto imagina. Não se preocupe com o futuro. Ou se preocupe, se quiser, sabendo que a preocupação é tão eficaz quanto tentar resolver uma equação de álgebra mascando chiclete. É quase certo que os problemas que realmente têm importância em sua vida são aqueles que nunca passaram por sua mente, tipo aqueles que tomam conta de você, em alguma terça-feira ociosa.

Todos os dias faça alguma coisa que seja assustadora.
CANTE! Não trate os sentimentos alheios de forma irresponsável. Não tolere aqueles que agem de forma irresponsável em relação a você. 

RELAXE! Não perca tempo com a inveja. Algumas vezes você ganha, algumas vezes perde. A corrida é longa e, no final, tem que contar só com você. Lembre-se dos elogios que recebe. Esqueça os insultos. Se conseguir fazer isso, me diga como. Guarde suas cartas de amor. Jogue fora seus velhos extratos bancários.

ESTIQUE-SE! Não tenha sentimento de culpa se não sabe muito bem o que quer da vida.

As pessoas mais interessantes que eu conheço não tinham, aos 22 anos, nenhuma ideia do que fariam na vida. 
Algumas pessoas interessantes de 40 anos que conheço ainda não sabem. Tome bastante cálcio. Seja gentil com seus joelhos. Você sentirá falta deles quando não funcionarem mais. Talvez você se case, talvez não. Talvez tenha filhos, talvez não. Talvez se divorcie aos quarenta, talvez dance uma valsinha quando fizer 75 anos de casamento.

O que quer que faça, não se orgulhe nem se critique demais. 
Todas as suas escolhas tem 50% de chance de dar certo. Como as escolhas de todos os demais. Curta seu corpo da maneira que puder. Não tenha medo dele ou do que as outras pessoas pensem dele. Ele é seu maior instrumento. DANCE! Mesmo que o único lugar que você tenha para dançar seja sua sala de estar. Leia todas as instruções do manual mesmo que você não as siga.

Não leia revistas de beleza. 
A única coisa que elas fazem é mostrar você como uma pessoa feia. Saiba entender seus pais. Você nunca sabe a falta que vai sentir deles. Seja agradável com seus irmãos. Eles são seu melhor vínculo com seu passado e aqueles que, no futuro, provavelmente nunca deixarão você na mão. Entenda que amigos vão e vem, mas que há um punhado deles, preciosos, que você tem que guardar com carinho. Trabalhe duro para transpor os obstáculos geográficos e da vida, porque quanto mais você envelhece tanto mais precisa das pessoas que conheceram você na juventude.

More em uma cidade grande, mas mude-se antes que a cidade transforme você em uma pessoa dura. 
More em uma cidadezinha do interior, mas mude-se antes de tornar-se uma pessoa muito mole. Aceite certas verdades eternas: Os preços sempre vão subir; os políticos são todos mulherengos; você também vai envelhecer. E quando envelhecer, vai fantasiar que quando era jovem, os preços eram acessíveis, os políticos eram nobres de alma e as crianças respeitavam os mais velhos.

VIAJE! Respeite as pessoas mais velhas. 
Não espere apoio de ninguém. Talvez você tenha uma boa aposentadoria. Talvez você se case com uma pessoa rica. Mas, você nunca sabe quando um outro ou outro podem desaparecer. Não mexa muito em seu cabelo. Senão, quando tiver quarenta anos, vai ficar com a aparência de oitenta e cinco. Desconfie das pessoas que lhe dão conselhos, mas seja paciente com elas. Dar conselho é uma forma de resgatar o passado da lata do lixo, limpá-lo, esconder as partes feias e reciclá-lo por um preço maior do que realmente vale. Mas, acredite em mim quando falo do filtro solar.



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PALAVRA DA SALVAÇÃO (129)


3º Domingo da Páscoa – 05/05/2019

Anúncio do Evangelho (Jo 21,1-19)
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, Jesus apareceu de novo aos discípulos, à beira do mar de Tiberíades. A aparição foi assim: Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Dídimo, Natanael de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos de Jesus. Simão Pedro disse a eles: “Eu vou pescar”. Eles disseram: “Também vamos contigo”.
Saíram e entraram na barca, mas não pescaram nada naquela noite. Já tinha amanhecido, e Jesus estava de pé na margem. Mas os discípulos não sabiam que era Jesus. Então Jesus disse: “Moços, tendes alguma coisa para comer?” Responderam: “Não”.
Jesus disse-lhes: “Lançai a rede à direita da barca, e achareis”. Lançaram, pois, a rede e não conseguiam puxá-la para fora, por causa da quantidade de peixes. Então, o discípulo a quem Jesus amava disse a Pedro: “É o Senhor!” Simão Pedro, ouvindo dizer que era o Senhor, vestiu sua roupa, pois estava nu, e atirou-se ao mar. Os outros discípulos vieram com a barca, arrastando a rede com os peixes. Na verdade, não estavam longe da terra, mas somente a cerca de cem metros. Logo que pisaram a terra, viram brasas acesas, com peixe em cima, e pão. Jesus disse-lhes: “Trazei alguns dos peixes que apanhastes”.
Então Simão Pedro subiu ao barco e arrastou a rede para a terra. Estava cheia de cento e cinquenta e três grandes peixes; e apesar de tantos peixes, a rede não se rompeu.
Jesus disse-lhes: “Vinde comer”. Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar quem era ele, pois sabiam que era o Senhor. Jesus aproximou-se, tomou o pão e distribuiu-o por eles. E fez a mesma coisa com o peixe.
Esta foi a terceira vez que Jesus, ressuscitado dos mortos, apareceu aos discípulos. Depois de comerem, Jesus perguntou a Simão Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?”
Pedro respondeu: “Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo”. Jesus disse: “Apascenta os meus cordeiros” .E disse de novo a Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas?” Pedro disse: “Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo”. Jesus lhe disse: “Apascenta as minhas ovelhas”. Pela terceira vez, perguntou a Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas?”
Pedro ficou triste, porque Jesus perguntou três vezes se ele o amava. Respondeu: “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo”. Jesus disse-lhe: “Apascenta as minhas ovelhas.Em verdade, em verdade te digo: quando eras jovem, tu te cingias e ias para onde querias. Quando fores velho, estenderás as mãos e outro te cingirá e te levará para onde não queres ir”. Jesus disse isso, significando com que morte Pedro iria glorificar a Deus. E acrescentou: “Segue-me”.

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.

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Ligue o vídeo abaixo e acompanhe a reflexão do Padre Roger Araújo:

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Ressurreição: experiência que nos tira de um fatal "ponto morto"

Sieger Koder


“...e naquela noite não apanharam nada” (Jo 21)

Estamos desfrutando do tempo Pascal no qual tudo na vida dos cristãos (a liturgia, os símbolos, as leituras da Palavra de Deus, as flores, o branco litúrgico, e inclusive, em algumas partes do mundo, o tempo meteorológico) nos fala da vitória da vida. É, sem dúvida, um tempo precioso no qual ressoa o Aleluia da noite de Páscoa e se prolonga na liturgia, na vida e nos corações. 

O Evangelho deste domingo (3º Dom Páscoa) nos conduz até à “praia pascal” da Galileia. Depois dos terríveis capítulos anteriores (gritos, sangue, cruz, violência, tortura, morte...), os apóstolos se encontram de novo na Galileia, numa paisagem quase idílica, dedicados outra vez à pesca, como se nada tivesse acontecido. O texto está cheio de simbolismos, de significados insinuados e de sugestões, mas basta recordar que tudo acontece no alvorecer, nessa hora tão charmosa na qual vemos ainda com dificuldade.

O encontro com o Ressuscitado nas praias da Galileia nos motiva a buscar um novo sentido e uma nova inspiração para o cotidiano de nossas vidas. De fato, nem todos os dias são iluminados pelos êxitos; tampouco as noites. Há dias que anoitecem e há noites que amanhecem em meio a muitos fracassos. Nem todas as manhãs nossos pescadores chegam ao porto com suas barcas carregadas de peixes.

A vida tem seus êxitos e seus triunfos. Mas também suas derrotas e fracassos. É preciso saber acolher os triunfos sem que a fumaça do ego cubra nosso coração. E é preciso saber assumir a desilusão do fracasso, sem por isso sentir-nos derrotados. Os triunfos podem alimentar ilusões; os fracassos põem à prova nossa resistência e nossa constância.

Os discípulos, naquela noite não tinham pescado nada, além do cansaço e do frio do lago. Mas não tinham perdido a esperança. A pesca tinha sido um fracasso e, a partir da margem, um estranho personagem lhes sugere que lançassem as redes do outro lado do barco, como se eles não soubessem onde deveriam lançá-las; surpreendentemente eles têm grande êxito na pescaria. Nesse momento, o discípulo amado diz a Pedro: “É o Senhor!”

Adiantou-se a todos sem mover-se do lugar; olhou para frente sem soltar a ferramenta de trabalho; não gritou sua descoberta; simplesmente sussurrou, mas entre admiração e comoção: “É o Senhor!”

Voltou a sentir a água caindo sobre seus pés e o pulsar de um coração na noite do Serviço e do Amor; suas mãos não deixaram a rede de lado, mas seu olhar foi mais além: “É o Senhor!”

E, como sempre, Jesus se encanta com os encontros em torno ao fogo e à refeição. Ele se manifesta nas coisas simples da vida. Não foi preciso palavras. Um coro de silêncios interiores proclamava: “É o Senhor!”, enquanto se espalhava no ar um agradável odor a peixe recém assado. 

Podemos considerar que a exclamação do discípulo amado -“É o Senhor”! - mostra o que significa ser contemplativo. O verdadeiro contemplativo pascal olha ao seu redor, à realidade mesma, à vida em sua contradição, com suas obscuridades e suas claridades, com suas grandezas e suas misérias, com seus êxitos e seus fracassos..., e descobre nela os sinais pequenos, frágeis, vulneráveis e, às vezes, aparentemente contraditórios da presença do Ressuscitado em nossas vidas. Talvez seja este um dos desafios mais importantes da vida cristã neste nosso mundo tão cheio de mensagens, de bombardeio de notícias, de imediatismo e rapidez, de encontros e desencontros.

Nós, seguidores(as) do Ressuscitado neste séc. XXI, do mundo digital, da pós-modernidade ou da arqui- pós-modernidade, da “cultura liquida” e dos “não-lugares”, deste mundo complexo e fascinante no qual nos toca viver e ao qual devemos amar, podemos ser esses humildes contemplativos que, em meio aos afazeres cotidianos, sussurram com emoção -“É o Senhor!”- e apontam para o Ressuscitado, presente nas penumbras da vida.

Essa é talvez a missão central da nossa vida cristã hoje: captar com emoção a luz que abre passagem entre as folhas da densa floresta, contemplá-la com gratuidade, indicá-la com humildade e anunciá-la com amor. E, mais ainda, devemos nos sentir chamados a deixar transparecer a luz da ressurreição na própria realidade interior, para poder ser presença iluminante no contexto tão obscuro no qual vivemos.

É a vida inteira que deve ser iluminada pelo acontecimento pascal. Viver, para o cristão, é acolher sua vida, com suas luzes e sombras, à luz do Ressuscitado que, embora não o veja de maneira transparente, continua se fazendo presente nas praias da nossa existência. Não há obscuridade que não possa ser iluminada; não há situações, por mais difíceis que sejam, que não possam ser revertidas pela presença d’Aquele que está no meio de nós.

Gastamos energia em dissimular nossas falhas e fracassos quando, afinal, é pela sua aceitação que a porta poderá abrir-se para esse Outro que, por sua vez, nos ama incondicionalmente. No segredo do coração podemos pressentir que estes fracassos, estas dificuldades são, talvez, a nossa maior sorte. Porque através deles nos libertamos de nossas ilusões sobre nós mesmos. Eles tendem a nos deprimir, mas também podem ser uma ocasião para nos fazer mais humanos e humildes. Acolher o fracasso é retirar nossas couraças, revelar-nos abertos, tolerantes e compassivos. 

Segundo um místico “felizmente Deus criou falhas em nós; caso contrário, não vejo por onde Ele poderia entrar em nossa vida!”. Nossa vivência da fé pascal também nos revela que Deus tem mais facilidade de entrar na nossa vida pela porta dos fracassos, das feridas, das crises... Aqui é onde nos sentimos mais desarmados, mais abertos e mais sensíveis à acolhida do Deus surpreendente que sempre vem ao nosso encontro. Por outro lado, Deus encontra muito mais resistência de se fazer presente em nossa vida quando nos centramos na busca da perfeição, das virtudes... Aqui estamos “formatados”, fechados em nossa autossuficiência. Através dos fracassos nos aproximamos de nosso ser essencial e da fonte de recursos que transforma estes fracassos em caminhos de realização. 

O Pe. Adolfo Nicolás (ex-superior geral dos jesuítas) afirmou certa vez: “é preciso celebrar nossos fracassos”. Causa estranheza ao ouvir tal afirmação, pois vivemos em um mundo onde somente os êxitos e vitórias são celebrados. Mas, o certo é que, quando compartilhamos e acolhemos nossos fracassos, derrotas e quedas, surge uma corrente de comunhão especial, nos sentimos mais autênticos e vivemos tais situações duras como parte de uma vida que, ao mesmo tempo, é difícil e preciosa, que desafia e recompensa, que golpeia e abraça. Assim, podemos crescer na consciência de que esses momentos também são constitutivos de nossa identidade; eles se revelam como ocasião privilegiada para ativar outros recursos e possibilidades que certamente não brotariam em tempos tranquilos. 

Texto bíblico:  Jo 21,1-19 

Na oração: Percorrendo o cap. 21 de João captamos a profundidade da contemplação inserida na vida ativa.

- Não coloquemos fronteiras ao Espírito que irá moldando nossa visão e nossa escuta e, como João, nos fará proclamar: “É o Senhor!”, sem soltar a ferramenta, nem o computador, nem o carro, nem o bisturi, nem o livro, nem o pincel, nem o microfone, nem a vassoura... 

Pe. Adroaldo Palaoro sj


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sábado, 4 de maio de 2019

VOU PARA O MEU MUNDO - Marília Benício dos Santos


                  Esta é a expressão da minha amiga Mírian depois do lufa-lufa da semana.

            Mírian tem um pequeno sítio em Itapoan, onde costuma passar os finais de semana.

            Ao dirigir-se para este recanto, ela diz: “vou para o meu mundo”.

            Como é bom a gente constatar que tem um mundo. Mas, nem todos podem dar-se ao luxo de ter um sítio onde possa isolar-se e gozar de seu mundo.

            O silêncio é importante em nossa vida. Mas, como o homem profano vive entre ruídos, o silêncio, então, representa a morte.

            Humberto Rohden diz: “Silêncio é receita – ruído, despesas.” E quem tem mais despesas do que receitas, abre falência. Então, a nossa humanidade está permanentemente falida.

            E como fazer para que o nosso silêncio não seja interrompido pelo ruído?

            Para tudo há jeito. Não é necessário comprar um sítio. Muitas vezes compramos casa de campo, sítio, fazenda, mas o ruído nos acompanha.

            O importante é construir o nosso mundo e ao fazê-lo, cuidar para que ele seja à prova de som. Só assim, onde formos não seremos importunados.

            Há uma quadra popular que diz:
                         “Dizem que há mundo lá fora
                          Eu não sonho, nunca vi;
                          Que me importa outro mundo,
                           Se o meu mundo é todo aqui.”

            Quando estamos satisfeitos com o nosso mundo, é assim que vivemos.

            Que me importa os ruídos, os blás-blás do exterior. A nossa sociedade constrói um mundo exterior, onde predomina a aparência. Mas nessa mesma sociedade existem homens que tentam construir um mundo interior. E este mundo interior, só será construído com a dinâmica do silêncio. Por isso Jesus Cristo antes de partir para a vida pública, ficou no deserto durante quarenta dias. Construiu o seu mundo interior. Como Jesus Cristo, os grandes místicos e os grandes cientistas se refugiaram no silêncio.

            Einstein achava a solidão a melhor companhia, a mais agradável. Esta solidão só se torna agradável quando ela deixa de ser solidão para ser companhia. E se colocarmos em nossa solidão o Cristo, seremos felizes e poderemos dizer: “Que me importa outro mundo, se o meu mundo é todo aqui.”

(CARROSSEL)
Marília Benício dos Santos
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“Lendo este livro, ou melhor, saboreando suas páginas, aos poucos nos apercebemos de que o trivial é, para Marília, o lugar próprio de encontro e de diálogo. Assim, ela nos prende e nos encanta desde o primeiro momento, precisamente pelo fato de que canta a vida, em suas alegrias e em suas tristezas, mas, sempre, na perspectiva feliz da esperança”.  (Lygia Costa Moog).

- Trecho do Prefácio do livro CARROSSEL -

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SELO DE QUALIDADE Por Francisco Teodorico


04.05.2019
Ao se formar em Direito, o bacharel ainda não pode trabalhar como advogado. Para atuar é necessário prestar o famoso exame da Ordem (OAB) e ser aprovado (*). Para um médico, somente após inscrito no Conselho Regional de Medicina o qualifica ao exercício legal da profissão. Analogamente, um engenheiro tem a obrigação de ser registrado no Confea/CREA.

Com frequência volta à tona a discussão sobre a obrigatoriedade de vínculo do profissional aos órgãos que regulam suas atividades. Certamente que não defendo aqui a extinção das instituições que regulam cada profissão, pois são obviamente necessárias. Porém, será que devem existir monopólios que avaliam profissionais recém formados como hoje?

Acredito que todos os formados, de qualquer profissão de nível superior, devem fazer uma avaliação após o término de seus cursos, através de uma instituição independente da faculdade. Com isso mantemos a qualificação mínima desejada desses profissionais, pois é de conhecimento público a existência dos inúmeros cursos universitários “caça-níqueis” pelo Brasil afora, infelizmente.

Mas, ao fazer uma abordagem holística, eu pergunto: será realmente necessário que essa avaliação seja exclusiva de instituições que acreditam serem detentoras do monopólio da virtude? Já não chegamos ao momento de pensarmos num modelo disruptivo?

Ao conversar com diversos amigos advogados, ouço reclamações, em off, claro, por motivos óbvios, que sentem-se incomodados com a obrigatoriedade do exame da Ordem para poderem exercer a profissão. As críticas são em diversos aspectos, mas não entrarei em detalhes por não ser esse o foco deste artigo.

Particularmente, sou contra a exigência deste exame oferecido por um órgão único, como acontece com a OAB, por exemplo, mas sou favorável a um meio termo:

Defendo que o exame da profissão (não apenas de advogados) continuem existindo;

2) Esses exames deveriam ser elaborados e aplicados por instituições sem vínculo com as faculdades/universidades;

3) Sou contra o monopólio, ou seja, deveria existir concorrência entre essas instituições citadas;

4) O profissional deveria ter diversas opções de prestar os hipotéticos variados exames, se assim o desejasse, podendo ser aprovado (ou não) em todos eles;

5) Ao ser aprovado o profissional receberia um “selo de qualidade” oferecido pela respectiva instituição.

Com esse protocolo, o próprio mercado se responsabilizaria pela valorização da instituição X ou Y, extinguindo aquelas que não fossem adequadas. Em outras palavras, se uma instituição diminuísse demais o nível de sua avaliação, qualificaria maus profissionais, perderia a credibilidade no mercado e consequentemente diminuiria a procura dos profissionais por sua avaliação a médio/longo prazo.

Com uma lapidação aqui outra ali, a proposta é simples assim.

Vale um selo de qualidade?

(*) Há um PL (5749/2013) que tramita no Congresso Nacional [1] que permite que o bacharel em Direito atue na fronteira entre o estagiário e o advogado, não podendo assinar nem representar um cliente como profissional da área.



Pai, casado, católico, matemático, analista de sistemas, pós-graduado em Gestão de TI (USP), enxadrista, karatedoka, especialista em Gestão do Tempo.



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sexta-feira, 3 de maio de 2019

VOCÊ TRAÇA SEU DESTINO – Taniguche Masaharu


 O poder da imaginação é mais forte que o da vontade!

Geralmente os doentes pensam: “Quero ficar curado”, mas existem muitas pessoas que não conseguem a cura. Por outro lado, há pessoas que se curam até mesmo com chás caseiros e sem valor quando os utilizam com a fé de que “Serão curados!”. O “Quero ficar curado” é a Vontade! O “Serei curado” é a Fé ou o Poder da Imaginação.

A “Vontade” sozinha não consegue concretizar o desejo de ser curado, mas a “Fé” ou a “Imaginação”  de quando se diz: “Serei curado!” concretiza a cura. A coisa almejada não se concretiza quando a “Vontade” e o “Poder da imaginação” estão fora de sincronismo. A tentativa de dominar pela força da vontade  um pensamento contrário, só servirá para aumentar e fortalecer ainda mais o pensamento que se deseja dominar.

O pensamento é criador!

Se você conhecer a verdade de que o pensamento é criador e que somente a ideia tem existência real, você deverá ter consciência de que o seu pensamento é uma arma poderosa e mais eficaz do que qualquer outro tipo de arma. Assim sendo, jamais deverá ter pensamentos vis ou incorretos e tampouco deverá pensar em infelicidade, desgraça, doença, conflito ou desarmonia.

O seu pensamento deverá ser elevado, puro e sadio, pensando sempre na felicidade, saúde, prosperidade, harmonia e paz. Saiba que o seu destino é traçado pelos seus próprios pensamentos e não por alguma força material de fora. O seu pensamento é aparecimento, no seu corpo e no seu meio ambiente, de tudo aquilo que você pensou. Torne o seu pensamento mais elevado, mais puro, mais belo e mais próspero.



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